Para ajudar os pais portugueses a tirar o máximo partido das poupanças que vão colocando de parte para o futuro dos filhos, analisámos o mercado para identificar quais os produtos de poupança mais atrativos. Fundos de ações – Exchange Traded Funds (ETF) –, depósitos a prazo, seguros de capitalização e obrigações do tesouro foram as soluções de poupança escrutinadas.
Nunca é cedo para começar a poupar para os mais pequenos. Seja economizar para a faculdade, ajudar na entrada para uma casa ou mesmo comprar o primeiro carro, são muitas as razões para começar a poupar cedo, a pensar no futuro dos filhos. Quem nunca teve uma avó que ia pondo dinheiro de lado para ajudar nos estudos dos netos? Ou um pai que ofereceu ao filho o primeiro carro? No entanto, “o dinheiro não cresce nas árvores”…
O ano ainda está praticamente no início e, numa altura em que as contas-poupança estão a render entre 0% e 0,1%, pode aplicar as economias que os seus filhos amealharam até agora em soluções alternativas.
Nesta análise admitiu-se que aniversários, Natais e mesadas correspondem a um total de 2.500 euros amealhados pelo Diogo que, com oito anos de idade, viu os seus pais a comparar o mercado com o intuito de encontrar de entre as soluções de poupança, a melhor aplicação financeira a dez anos para este montante.
Assim, quando crescer, o Diogo já terá uma quantia considerável para movimentar, seja para pagar os estudos, comprar um carro ou até, quem sabe, fazer um gap year.
Mas qual o tipo de investimento que faz mais sentido fazer para este objetivo? Serão produtos com menos risco, como seguros de capitalização e depósitos a prazo? Ou tentar juntar o apetite moderado pelo risco e investir em obrigações do tesouro ou num fundo de investimento? Investigámos alguns prós e contras destas soluções de poupança, admitindo um investimento de 2.500 euros sem reforço de capital e durante um prazo de dez anos.
Depósitos a Prazo | OT | Seguros de Capitalização | ETF | |
---|---|---|---|---|
Risco | Baixo | Baixo | Médio/Baixo | Médio |
Prazos | 30 dias a 5 anos | 1 a 50 anos | Mínimo de 5 anos | Indeterminado |
Montantes mínimos de subscrição | 0€ | 1.000€ | Variável Mensal: 25€. Extraordinárias: 100€ | Inexistente |
Depósitos a prazo com taxa bruta até 2,5%
Nos investimentos em soluções de poupança sem risco ou de menor risco, como os depósitos a termo, quanto mais alargado for o prazo, maior é a taxa de juro que se consegue obter.
No caso dos depósitos a prazo, que são dos produtos financeiros mais simples e com menos riscos implicados, a instituição fica obrigada a reembolsar os fundos que investiu no final de um período pré-determinado de tempo e ao pagamento de uma remuneração designada de juro.
Caso os pais do Diogo aplicassem as poupanças neste produto, que no BNI, por exemplo, possui uma taxa de juro bruta anual média (TANB) de 2,5%, um depósito a prazo a 5 anos com um montante de 2.500 euros iria ter como resultado uma taxa de juro anual nominal líquida (TANL) de 1,80% – que conduziria a um valor de juro, no final do prazo, de 244 euros.
Na análise realizada assumiu-se um prazo de 10 anos, admitindo que os pais do Diogo renovaram a subscrição do produto por mais 5 anos, o que dá um total de juro ganho de 488 euros.
Os depósitos a prazo, quando apresentam boas rendibilidades, afirmam-se como opções atrativas e com grande segurança para as famílias, o que acaba por ser benéfico, até porque, nos casos em que o objetivo é juntar dinheiro para o futuro da criança, à partida não vai precisar de fazer mobilizações antecipadas.
Seguros de capitalização com mais rendimentos do que Obrigações do Tesouro
Os seguros de capitalização têm sido uma das soluções de poupança procuradas pelas famílias portuguesas como alternativa aos produtos bancários para poupanças a curto e médio prazo, incluindo os pais do Diogo, que encontraram um produto com entregas únicas ou programadas, constituindo uma solução alternativa para quem pretende garantir o futuro dos filhos.
Estes seguros são adequados para quem pretenda capital e rendimento mínimo garantidos e não tenha grande apetite pelo risco. Normalmente têm um prazo mínimo de 5 anos e um dia.
Os seguros de capitalização garantem, na maioria das vezes, o capital investido, comportando-se de forma muito idêntica aos fundos de investimento. A sua tributação diminui ao longo do tempo do investimento, ou seja, têm vantagens fiscais relativamente a outros produtos financeiros.
Assim, além de garantirem a maioria do capital investido em caso de vida, os seguros de capitalização garantem ainda o pagamento do capital investido e a respetiva remuneração aos beneficiários em caso de morte.
Em relação às vantagens, este é uma aplicação ideal para investir poupanças a médio e longo prazo com poucos riscos, possuindo benefícios fiscais interessantes (taxas de imposto sobre o rendimento baixas, assim como capital e rendimentos isentos de imposto de selo). As desvantagens prendem-se com as elevadas comissões de subscrição e resgate, que reduzem a sua liquidez, e a inexistência de garantia de capital.
De acordo com as simulações realizadas pelo ComparaJá.pt, que tiveram em consideração a rentabilidade total de 2015, a qual se cifrou em 3% líquidos (indicando uma mera expetativa face à atribuição de futuras participações nos resultados), apontam para que esta aplicação gere um retorno potencial de 860 euros, tendo então o Diogo 3.360 euros disponíveis ao fim dos dez anos.
Obrigações do Tesouro: compensa poupar e ajudar o Estado?
No caso das Obrigações do Tesouro (OT) como soluções de poupança, o investimento tem um risco praticamente nulo, tendo em conta que a única hipótese de não recuperar o capital investido é se o Estado português falir, possuindo retornos a longo prazo interessantes.
Tal como o nome indica, as OT são utilizadas pelo Estado português para satisfazer as suas necessidades de financiamento junto dos mercados financeiros. Para além disso, o produto tem também associado um risco de mercado/preço que estipula que, uma vez transacionadas em bolsa, é possível vender obrigações acima ou abaixo do preço da compra.
Deste modo, se os pais do Diogo seguissem pelo caminho de comprar dívida do Estado português, teriam um retorno potencial com as seguintes características:
- TAEL de 2,89%, a receberem todos os anos, a 21 de julho, 56,55€, sendo que o reembolso, passados dez anos, a 21 de julho de 2026, seriam 2.732€. O número de obrigações assinadas seria de 273.200 e a cotação, em 25 de janeiro de 2017, de 91,4820%.
- Ou seja, para além dos 2.732€ de resgate, o Diogo teria ainda 56,55€ a cada dez anos, o que, somado ao capital de resgate, resultaria num montante total de 3.297,5€. Os juros corridos foram 29,53€, segundo a simulação efetuada.
Mais soluções de poupança: ETF com comissões reduzidas
Os Exchange Traded Funds (ETF) combinam caraterísticas dos fundos de investimento e ações, possibilitando aos pais do Diogo acesso a centenas de empresas a baixo custo e flexibilidade de negociação. Comissões mais baixas, benefícios fiscais e a capacidade de comprar e vender ao longo de todo o dia, enquanto o mercado estiver aberto, são algumas das vantagens.
No entanto, este ativo financeiro não garante o capital investido, tal como as ações e os fundos. Os fundos cotados, conhecidos por ETF, vieram fazer concorrência aos fundos de investimento tradicionais e acabaram mesmo por ganhar o seu lugar no portefólio dos investidores devido às comissões de gestão mais reduzidas.
Nesta aplicação, os preços são definidos de acordo com a evolução do índice. O preço de um ETF que replique, por exemplo, a performance do índice português, o PSI20, vai variar consoante a evolução desse índice. Assim, se o PSI20 variar 2%, o ETF também vai variar na mesma percentagem.
Se o risco e o facto de não existir capital garantido fazem parte da lista de “desvantagens” que os pais do Diogo podem ter ao aplicar 2.500 euros neste produto, as principais vantagens de um ETF são o baixo custo, o facto de não existir mínimo de investimento e a exposição a produtos com maior rendibilidade a longo prazo. Além disso, geralmente não é cobrada taxa de subscrição ou resgate, sendo apenas cobradas as comissões do banco ou corretora na transacção do título.
Complementarmente, a negociação dos ETF é instantânea, podendo o investidor dar uma ordem e, passado menos de um minuto, ter em carteira o número de títulos pretendidos, não existindo o risco de uma variação no valor do fundo sobre a qual o investidor não tem controlo.
Pegando no retorno líquido que um ETF da Dow Jones teve, em média, nos últimos vinte anos, 8%, admitindo que os pais do Diogo investiram 2.500 euros e esperaram a evolução do índice durante dez anos – que admitimos que tenha sido constante – o valor proveniente dos juros pode atingir 2.900 euros, o que pode dar ao Diogo, quando atingir a maioridade, um valor líquido disponível de 5.397 euros.
Rendibilidade dos Exchange-Traded Funds é quase o dobro dos depósito a prazo
Segundo a análise realizada, das aplicações a dez anos analisadas, os ETF são os que potencialmente darão ao Diogo um maior retorno do investimento, contrastando com os depósitos a prazo, que são as que rendem menos. Eis a tabela com os resultados finais destas soluções de poupança:
Depósitos a Prazo | OT | Seguros de Capitalização | ETF | |
---|---|---|---|---|
TAEL | 1,80% | 2,89% | 3% | 8% |
Retorno | 488€ | 798€ | 860€ | 2.897€ |
Montante total | 2.988€ | 3.298€ | 3.360€ | 5.397€ |