Este artigo é para quem se encontra na situação da Lúcia, que vai emigrar para a Austrália, na sequência de uma proposta de emprego muito apelativa numa nova empresa na área das Tecnologias de Informação, mas que possui uma dívida do cartão de crédito por pagar e não sabe como proceder. Se está a pensar sair do país e deixar as suas dívidas para trás, descubra se pode estar a viver um sonho ou a entrar num pesadelo.
De que forma emigrar afeta as suas dívidas?
No caso da Lúcia, exímia cumpridora de todas as suas obrigações, as dúvidas prenderam-se, desde o primeiro instante, com o seguinte cenário: ela deseja pagar tudo o que deve, mas tem um mês apenas para se mudar para a Austrália e, embora ela gostasse de liquidar tudo de uma vez, especialmente a dívida do seu cartão de crédito no valor de 15 mil euros, não possui (tal como a maior parte de nós) esse montante disponível no imediato.
Portanto, ela quer continuar a liquidar as suas prestações mensais, mas não sabe como fazê-lo estando tão longe de Portugal. Será que estes encargos financeiros a impedem de mudar-se? Regra número um: os empréstimos devem servir para perseguir os seus sonhos e não para acabar com eles. Portanto, o que precisa de fazer assim que recebe uma excelente notícia como a da Lúcia é simples: organizar-se.
Todos temos contas para pagar e até podemos ter um carro e também uma casa, logo é preciso que tudo o que tenha a ver com os bens que possui ou com dívidas fique tratado antes de partir. Abaixo indicamos-lhe como tratar destas burocracias.
Como não se tornar num «fora-da-lei»?
Visto que a Lúcia não tinha possibilidade de liquidar todas as dívidas no momento em que rumou ao país dos cangurus, então o que ela fez, nomeadamente no que diz respeito à dívida do cartão de crédito (e outras que tinha), foi manter a sua conta no banco e nomear o seu irmão Miguel como representante legal.
Portanto, ao emigrar deve nomear uma pessoa da sua confiança como seu representante legal (pode ser a mãe, o pai ou até o irmão, por exemplo – só não pode ser o periquito!) e será este que deverá tratar de liquidar as suas dívidas através da sua conta bancária, uma vez que ficará com autorização da sua parte para movimentá-la. Se existirem dívidas que possam ser liquidadas por débito direto, melhor ainda: fixe-as nesse modo de pagamento e é menos uma preocupação que terá.
Existem também empresas que tratam destas questões legais por si: é o caso da E(i)migrante, que presta apoio profissional administrativo a quem vai emigrar.
Por conseguinte, não há desculpa para deixar tudo para trás e fingir que não tinha uma vida quando ainda estava em Portugal e incorrer num processo judicial que só lhe custará o dobro.
Neste sentido, a propósito da dívida do cartão de crédito, tem a certeza de que possui a solução que lhe é mais vantajosa? Se for como a Lúcia, que utiliza este instrumento de pagamento em muitas das suas compras, o melhor talvez seja adquirir um com a vantagem do cashback, através do qual recebe de volta uma percentagem do montante gasto no fim do mês.
3 razões para não deixar a dívida do cartão de crédito para trás
1) Melhora a sua possibilidade de conseguir futuros empréstimos
Esta deve ser a sua maior motivação: ser cumpridor, especialmente a dezasseis mil quilómetros de distância, vai fazer com que, posteriormente, quando quiser voltar para o seu país de origem (ainda mais se for definitivamente), vai conseguir financiamento de forma fácil. Deixar a sua reputação intacta só lhe traz benefícios.
2) A dívida não se evapora
Se emigrar e deixar o pagamento do cartão de crédito para trás, o montante que tem por liquidar não desaparece. Pelo contrário, aumenta, começando a acumular juros de mora e o mais certo é que, a dada altura, fique com um processo em tribunal.
3) Dormir descansado
Gostaria de um dia poder retornar ao seu país de consciência tranquila e com a possibilidade de retomar a sua vida, certo? Então não há necessidade de arruinar o seu historial de crédito e ter o seu nome manchado no Mapa de Responsabilidades do Banco de Portugal.
Ainda existe outra possibilidade que o pode ajudar bastante: se possui mais dívidas para além das do cartão de crédito e estás prestes a emigrar, poderá recorrer a um crédito consolidado para agregar todas as prestações numa só, o que facilitará bastante a gestão destes pagamentos à distância.
Em suma, os seus encargos financeiros não desaparecem se emigrar, por isso não compensa estar a destruir tudo o que construiu até agora. Basta seguir os nossos conselhos.