Consoante os dados mais recentes da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), entre 1 de janeiro e 21 de abril deste ano ocorreram 36.975 acidentes rodoviários, uma diminuição de 5% face ao período homólogo de 2016. Pese embora o decréscimo, os números são preocupantes o suficiente para abordar o tema da sinistralidade – um dos fatores de agravamento do seguro automóvel – neste Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante. Ser bom condutor e responsável na estrada pode fazer poupar dezenas de euros por ano.
O que se entende por sinistro?
Conforme a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), “o sinistro é um evento ou série de eventos resultantes de uma causa capaz de acionar as garantias de um ou mais contratos de seguro”. Nas informações dadas por diversas seguradoras pode ainda ler-se que se trata da “verificação, total ou parcial, do evento que desencadeia o acionamento da cobertura do risco prevista no contrato, considerando-se como um único sinistro o evento ou série de eventos resultante de uma mesma causa”.
E agora, traduzindo de “segurês” para português, o que isto significa é que, caso tenha um acidente com o seu carro, a seguradora cobrirá os danos que estiverem escritos no contrato. Todavia, essa cobertura por parte da seguradora, a partir do momento em que a mesma é acionada, não se fará sem custos para o segurado.
Que fatores contribuem para o agravamento do seguro automóvel?
Embora tenha um prémio de seguro contratado com a seguradora (e que varia conforme as coberturas incluídas), existem determinadas ocorrências que podem agravar (ou seja, fazer aumentar) esse valor que, na generalidade, se paga anualmente. Para evitar surpresas desagradáveis, o melhor é estar a par.
Desde logo, um dos maiores fatores de agravamento do seguro automóvel é precisamente a ocorrência de acidentes de viação. Mediante um evento desta natureza, e caso a culpa do sinistro seja atribuída ao segurado, dando consequentemente origem ao pagamento dos danos por parte da seguradora, o prémio será aumentado.
Em segundo lugar, é possível salientar ainda a mudança de morada. Caso mude de casa para uma zona que seja propensa a assaltos ou cujo risco de ocorrência de sinistro seja maior (como acontece particularmente em Lisboa e/ou no Porto), é muito provável que o prémio do seguro seja revisto em alta na altura da renovação.
A idade também conta e influencia o seguro automóvel: um jovem com 20 anos pode pagar até duas vezes mais do que outro com 30 anos. É impressionante notar que mais 10 anos enquanto condutor declarado podem produzir variações médias de mais de 100% no valor do prémio a pagar.
Finalmente, entre outros fatores, o prémio do seguro também será influenciado pela quantidade de coberturas escolhidas (é natural que quantas mais estiverem incluídas, mais elevada será a quantia) e pelas próprias caraterísticas do veículo em si (ano da viatura, cilindrada, etc.). O melhor a fazer será comparar diversas seguradoras, sendo que existem várias no mercado, contando-se entre estas a Tranquilidade, a Fidelidade Seguro Automóvel, a VICTORIA Seguros, a Ageas, a Allianz, o Seguro Automóvel LOGO, a OK Teleseguros ou o Seguro Automóvel Continente.
Como saber se o prémio será agravado: o sistema bónus/malus
O termo bónus/malus designa uma escala utilizada pelas seguradoras para premiarem o tomador do seguro ou agravarem o seu prémio pela ausência ou ocorrência de sinistros, respetivamente. Tomemos o exemplo do Bernardo.
Em que casos se aplica o bónus?
Se, durante um determinado período de tempo, o Bernardo não tiver nenhum registo de sinistro com o seu Mini Cooper, então o valor do seu prémio pode ser reduzido percentualmente no momento em que renovar o seguro. Trata-se, portanto, de um bónus a favor do tomador do seguro e que é atribuído pelo facto de este demonstrar ser um bom condutor.
Quando se aplica o malus (agravamento)?
Já se, pelo contrário, o Bernardo tiver acidentes ao longo do ano e, consequentemente, esses sinistros derem origem a indemnizações ou provisões por parte da seguradora, pode haver lugar a um aumento percentual do prémio.
Mas convém reforçar que este sistema só se aplica quando existam sinistros que sejam culpa do tomador do seguro, pelos quais este assuma a responsabilidade e que, por conseguinte, originem o pagamento de danos por parte da seguradora.
Pode haver outras coberturas que afetam o bónus/malus, mas o histórico de sinistralidade é, sem dúvida, uma das mais relevantes e que contribui para a revisão do prémio.
Em quanto pode ser bonificado o prémio de um bom condutor?
Normalmente, o sistema bónus/malus é aplicado às seguintes coberturas: responsabilidade civil, choque, colisão ou capotamento (excluindo a quebra isolada de vidros), furto ou roubo e “incêndio, raio ou explosão.
Para se ter uma noção dos valores que se aplicam no bónus/malus, compararam-se as percentagens, com e sem sinistros no final de um ano de contrato, praticadas pelas cinco seguradoras que, em conjunto, detêm mais de 50% da quota de mercado no ramo do seguro automóvel: Allianz, Ageas, Fidelidade, Liberty e Tranquilidade.
No início de um novo contrato, e não existindo histórico, parte-se sempre de 0% de bónus/agravamento, sendo que este valor será aumentado ou diminuído conforme o registo de sinistros a partir do final do primeiro ano. Traçando o perfil do Bernardo, com 32 anos e sem qualquer histórico de sinistralidade, este será o seu agravamento ou bonificação após 1 ano de contrato:
1 sinistro | 0 sinistros | |
---|---|---|
Allianz | 30% agravamento | 20% bónus |
Ageas | 20% agravamento | 20% bónus |
Fidelidade | 20% agravamento | 10% bónus |
Liberty | 30% agravamento | 10% bónus |
Tranquilidade | 20% agravamento | 5% bónus |
Atendendo à tabela acima, se a apólice de seguro do Bernardo tiver sido contratada na Allianz ou na Liberty, significa que, no final do primeiro ano do contrato, caso ele tenha um acidente, pagará mais 30% de prémio.
Todavia, se o Bernardo for um bom condutor e não tiver sido culpado de nenhum sinistro, ser-lhe-á aplicada uma bonificação de 20%.
Note-se ainda que, tanto em caso de agravamento como de atribuição de bónus, as seguradoras têm de notificar o cliente, com uma antecedência mínima de 30 dias antes da data de pagamento do prémio do seguro, sobre o novo montante aplicado para a renovação.
Uma das melhores formas de poupar no seguro automóvel no início do contrato assenta na realização de diversas simulações, tanto na categoria de responsabilidade civil como na de danos próprios, e na consequente comparação de todas coberturas incluídas.
No entanto, é ainda possível poupar após o contrato e aqui a regra chave reside precisamente em ser um condutor exemplar, sem sinistros e consciente. De facto, compensa ser bom condutor.