Adeus mudança da hora? Europa quer pôr fim aos acertos

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Escrito por:

Carolina Godinho

O Parlamento e a Comissão Europeia voltam à carga: mudar a hora duas vezes por ano pode estar com os dias contados. A prática já não traz poupanças e até faz mal à saúde.

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Europa quer consenso para acabar com os acertos sazonais

A Comissão e o Parlamento Europeu apelaram esta quinta-feira a um consenso entre os países da União para acabar, de uma vez por todas, com a mudança da hora na primavera e no outono. A razão? A prática, criada há décadas para poupar energia, “já não serve qualquer propósito” e tem efeitos negativos na saúde, especialmente em crianças e idosos.

É um sistema que afeta a todos, frustra a maioria e prejudica as pessoas”, disse Apostolos Tzitzikostas, comissário europeu para os Transportes Sustentáveis e Turismo.

Uma tradição que perdeu o sentido

Desde 2000, uma diretiva europeia determina que os relógios sejam adiantados uma hora no último domingo de março e atrasados no último domingo de outubro. Mas o que começou como uma medida para aproveitar melhor a luz do dia e poupar energia... já não resulta.

O sistema deixou de gerar qualquer poupança energética e tornou-se uma fonte de complicações desnecessárias para a sociedade”, reforçou Tzitzikostas.

Efeitos na saúde e vidas trocadas

Além de não poupar, a mudança de hora mexe com o corpo, e com o sono. Especialistas e eurodeputados alertam que os impactos no bem-estar são reais, sobretudo nos grupos mais vulneráveis. A alteração dos ritmos biológicos pode causar fadiga, stress e até problemas de concentração.

Debate antigo, decisão adiada

Em 2019, o Parlamento Europeu já tinha votado a favor do fim da mudança da hora até 2021. Na altura, 84% dos 4,6 milhões de europeus que participaram numa consulta pública disseram “basta!”. Ainda assim, a medida ficou parada por falta de acordo entre os governos nacionais.

Esta semana, o tema regressou à agenda — com o apoio de todos os grupos políticos no Parlamento.

“Temos uma oportunidade clara para mostrar que a Europa ouve”, sublinhou Tzitzikostas.

Espanha dá o exemplo

A discussão ganha força depois de o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ter anunciado que Espanha vai propor oficialmente o fim da mudança de hora.Segundo Sánchez, “já não faz sentido” manter um sistema que “a maioria dos cidadãos rejeita e que não representa qualquer economia de energia”.

E agora?

O relógio vai atrasar uma hora este domingo, mas poderá ser uma das últimas vezes. A Comissão promete trabalhar com os Estados-membros para fechar, finalmente, este dossiê que há anos divide a Europa.


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Carolina Godinho
PR & Partnerships Manager