Europa quer consenso para acabar com os acertos sazonais
A Comissão e o Parlamento Europeu apelaram esta quinta-feira a um consenso entre os países da União para acabar, de uma vez por todas, com a mudança da hora na primavera e no outono. A razão? A prática, criada há décadas para poupar energia, “já não serve qualquer propósito” e tem efeitos negativos na saúde, especialmente em crianças e idosos.
“É um sistema que afeta a todos, frustra a maioria e prejudica as pessoas”, disse Apostolos Tzitzikostas, comissário europeu para os Transportes Sustentáveis e Turismo.
Uma tradição que perdeu o sentido
Desde 2000, uma diretiva europeia determina que os relógios sejam adiantados uma hora no último domingo de março e atrasados no último domingo de outubro. Mas o que começou como uma medida para aproveitar melhor a luz do dia e poupar energia... já não resulta.
“O sistema deixou de gerar qualquer poupança energética e tornou-se uma fonte de complicações desnecessárias para a sociedade”, reforçou Tzitzikostas.
Efeitos na saúde e vidas trocadas
Além de não poupar, a mudança de hora mexe com o corpo, e com o sono. Especialistas e eurodeputados alertam que os impactos no bem-estar são reais, sobretudo nos grupos mais vulneráveis. A alteração dos ritmos biológicos pode causar fadiga, stress e até problemas de concentração.
Debate antigo, decisão adiada
Em 2019, o Parlamento Europeu já tinha votado a favor do fim da mudança da hora até 2021. Na altura, 84% dos 4,6 milhões de europeus que participaram numa consulta pública disseram “basta!”. Ainda assim, a medida ficou parada por falta de acordo entre os governos nacionais.
Esta semana, o tema regressou à agenda — com o apoio de todos os grupos políticos no Parlamento.
“Temos uma oportunidade clara para mostrar que a Europa ouve”, sublinhou Tzitzikostas.
Espanha dá o exemplo
A discussão ganha força depois de o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ter anunciado que Espanha vai propor oficialmente o fim da mudança de hora.Segundo Sánchez, “já não faz sentido” manter um sistema que “a maioria dos cidadãos rejeita e que não representa qualquer economia de energia”.
E agora?
O relógio vai atrasar uma hora este domingo, mas poderá ser uma das últimas vezes. A Comissão promete trabalhar com os Estados-membros para fechar, finalmente, este dossiê que há anos divide a Europa.
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