2025: Investimento imobiliário dispara para 2,8 mil milhões

Susana Pedro

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Susana Pedro

O mercado imobiliário português vive um ano excepcional em 2025: o investimento total em ativos comerciais deverá atingir 2,8 mil milhões de euros, um aumento de cerca de 25% face a 2024.

Habitação

Dados do relatório da consultora JLL destacam retalho, escritórios e hotelaria como setores de maior dinamismo, apesar de desafios na oferta de espaços industriais e logísticos.

Investimento imobiliário em Portugal dispara para 2,8 mil milhões de euros em 2025

O mercado imobiliário português está a fechar 2025 com uma performance muito positiva, com um volume de investimento estimado em cerca de 2,800 milhões de euros. Isto representa um crescimento de cerca de 25% face a 2024 e supera a média dos últimos anos.

Retalho assume liderança e Norte consolida posição

O segmento do retalho voltou a destacar-se em 2025, representando cerca de 40% do total investido, impulsionado principalmente pelos centros comerciais, que continuam a atrair capital institucional.

Além do retalho, os ativos hoteleiros e de escritórios surgem com quotas importantes — cada um com cerca de 20% do investimento transacionado — mostrando um mercado diversificado e resiliente.

Geograficamente, o Norte de Portugal consolidou-se como um dos destinos preferidos pelos investidores, absorvendo aproximadamente 50% do total aplicado no mercado, refletindo uma crescente atratividade fora da tradicional dinâmica de Lisboa e zonas centro-litorais.

Rendas e oferta: máximos históricos em vários segmentos

Os valores de renda prime — ou seja, os mais altos praticados em localizações premium — registaram novos máximos em vários setores:

  • Escritórios em Lisboa — até cerca de 30€/m²/mês no Prime CBD

  • Escritórios no Porto — cerca de 21€/m²/mês

  • Rendas de rua em retalho — até 145€/m²/mês em Lisboa e 85€/m²/mês no Porto

  • Centros comerciais prime — cerca de 130€/m²/mês

Estes números refletem a forte procura e a escassez de oferta adequada, tornando os espaços premium cada vez mais valorizados no mercado.

Hotelaria e living: ciclos fortes e potencial de expansão

O setor hoteleiro mantém o seu ciclo de crescimento qualitativo, com 28,4 milhões de hóspedes e 72,8 milhões de dormidas em 2025, gerando cerca de 6,400 milhões de euros em proveitos. Cidades como Lisboa e Porto destacam-se com RevPAR’s (receita por quarto disponível) acima dos 100 euros, suportados por diárias médias robustas e taxas de ocupação superiores a 70%.

Por outro lado, segmentos de living — como residências sénior e de estudantes — continuam a revelar forte potencial, com ocupações acima dos 90%, apesar da oferta ainda insuficiente para responder à procura.

Habitação: vendas e preços em alta

No mercado residencial tradicional, as vendas cresceram cerca de 20%, apoiadas pela estabilização das mortgage rates e pelas medidas de incentivo ao segmento jovem. Maio e o início do último trimestre mostraram que os preços continuam a subir, embora a JLL antecipe uma moderação no ritmo de valorização em 2026 à medida que nova oferta entra no mercado e medidas como a redução do IVA na construção para 6% começam a surtir efeito.

Ainda assim, os preços médios de venda em 2025 mantêm níveis elevados, com Lisboa em torno dos 5.380€/m² e o Porto nos 3.711€/m², entre os mais altos da União Europeia.

Expectativas para 2026

Os responsáveis da JLL mostram-se confiantes quanto à continuidade da tendência positiva em 2026. A perspetiva de crescimento sustentável de investimento, ocupação e valorização de ativos decorre de fatores como:

  • Procura interna resiliente e elevado emprego;

  • Estabilidade de taxas de juro;

  • Interesse sustentado do capital internacional;

  • Mercado cada vez mais diversificado e competitivo.

Ainda assim, apesar de expectativas otimistas, a escassez de oferta — especialmente em industrial/logística e living — permanece um desafio estrutural e um dos principais limites à expansão mais acelerada.


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