No passado dia 30 de outubro, precisamente na véspera do Dia Mundial da Poupança, quem quisesse aderir aos conhecidos Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) já não os encontraria disponíveis. Teria ao seu dispor, ao invés, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC). Mas porquê esta mudança? Será benéfica para o consumidor? Quais as alterações? Explicamos tudo.
O que são os Certificados do Tesouro Poupança Mais?
São, nada mais nada menos, do que títulos de dívida pública – ou seja, produtos de aforro do Estado. Estes foram lançados em 2013 pela IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública) e substituídos, no final do mês passado, pelos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento.
São títulos que vencem juros com uma periodicidade anual (não havendo assim capitalização de juros), sendo que o resgate, neste caso, só é possível um ano após a data de subscrição. Isto significa ainda que, decorrido esse ano, podem ser realizados resgates em qualquer altura, mas tal acarreta a perda total dos últimos juros vencidos.
Tome nota desta definição útil para os seus investimentos:
Capitalização de juros: consiste em reinvestir os juros de um determinado investimento, de forma continuada. Desta forma, os juros futuros incidem sobre os juros que se obtiveram no passado. Em vez de os juros vencerem, estes são continuamente reinvestidos.
Contudo, quem até à data já tem um Certificado do Tesouro Poupança Mais continuará a desfrutar de todas as condições até ao vencimento dos cinco anos.
O resgate destes títulos pode ser efetuado de três formas diferentes:
- Nos Espaços Cidadão;
- Nos balcões dos CTT;
- Ou mesmo online através da plataforma AforroNet, um serviço disponibilizado pelo IGCP.
Quais as principais diferenças entre os CTPM e os CTPC?
Prazo
Após o consumidor subscrever um Certificado do Tesouro Poupança Crescimento com um mínimo de mil euros (sendo o máximo 1 milhão de euros), recebe-se um juro todos os anos (que aumenta de ano para ano) e o mesmo vencerá ao fim de sete anos e não de cinco, ao contrário do que acontecia com os Certificados do Tesouro Poupança Mais.
Taxa de juro
É neste aspeto que reside a principal diferença. No produto mais recente – CTPC –, a taxa de juro baixou drasticamente, o significa que a rentabilidade deste novo produto é mais reduzida, embora o prazo seja maior. Através da tabela abaixo é possível depreender que os CTPC ao fim de cinco anos rendem praticamente – e apenas – metade dos CTPM:
Certificados do Tesouro Poupança Mais | Certificados do Tesouro Poupança Crescimento | |
---|---|---|
Ano 1 | 1,25% | 0,75% |
Ano 2 | 1,75% | 0,75% |
Ano 3 | 2,25% | 1,05% |
Ano 4 | 2,75% | 1,35% |
Ano 5 | 3,25% | 1,65% |
Ano 6 | – | 1,95% |
Ano 7 | – | 2,25% |
- Nota: Dados do IGCP.
Esta tabela mostra que, na realidade (e porque estamos a falar de valores brutos), os novos Certificados não rendem mais do que 1% em termos líquidos (TAEL – Taxa Anual Efetiva Líquida), o que é menos do que os 1,6% que os Certificados do Tesouro Poupança Mais geravam.
Bónus
Ainda assim, existe uma vantagem a assinalar nestes novos CTPC: o facto de a partir do segundo ano renderem um prémio de 40% do crescimento médio real do PIB a preços de mercado, nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros.
Porém, esta bonificação só se aplicará se o crescimento do PIB for positivo e, ainda assim, fica limitado a um máximo de 1,2% em cada ano (que é atingido se o crescimento do PIB for de 3%). Nos anteriores Certificados do Tesouro Poupança Mais só eram atribuídos prémios no quarto e quinto anos.
Numa altura em que a poupança das famílias portuguesas é praticamente metade (6,2% em 2016) do que era há 21 anos atrás (12,9% em 1995), para fazer o esforço de poupar é melhor que o mesmo renda o máximo possível consoante o que se está disposto a investir. Neste sentido, antes de subscrever um CTPC verifique se no mercado atualmente não existem depósitos a prazo e contas-poupança com rendimentos superiores.