Consoante o mais recente Relatório dos Sistemas de Pagamentos (2017) do Banco de Portugal, os cartões bancários continuam a ser o instrumento de pagamento preferido dos portugueses. Com o acréscimo na utilização de cartões surgem igualmente novas funcionalidades, nomeadamente os chamados pagamentos fracionados, uma tendência que se está a tornar cada vez mais popular. Saiba tudo sobre esta solução e descubra os cartões que a oferecem.
Em que consistem os pagamentos fracionados?
Os pagamentos fracionados com cartões de crédito mais não são do que a possibilidade de se dividir uma determinada compra de bens/serviços em prestações mensais fixas, à semelhança do que aconteceria com um crédito pessoal.
Esta modalidade de pagamento permite ao consumidor realizar uma compra com o seu cartão de crédito e, de acordo com as condições do seu cartão, descontar esse valor no seu plafond habitual ou transferir o montante gasto para uma linha de crédito paralela que possibilitará o reembolso da dívida em prestações mensais. Este reembolso poderá beneficiar de uma TAEG promocional e, nalguns casos, até mesmo de isenção de juros.
No fundo, esta solução permite ao consumidor definir um plano de pagamentos para as suas compras que se ajuste às suas possibilidades.
Quais os cartões que oferecem esta possibilidade?
Apesar de esta não ser ainda uma funcionalidade presente na maioria dos produtos, a verdade é que os consumidores já têm à sua disposição um leque interessante de ofertas.
Desde logo, cabe salientar que alguns cartões de crédito já oferecem a possibilidade de realizar compras repartidas sem quaisquer juros associados, como é o caso do Cartão Atitude do Unibanco e do Cartão Universo da SONAE, cujas características se encontram compiladas na tabela abaixo.
Existem alguns cartões de crédito adicionais aos representados na tabela, sobretudo associados a marcas, que também disponibilizam este benefício aos consumidores.
Cartão | Anuidade | TAEG | Fracionamento | |||
---|---|---|---|---|---|---|
Valor (€) | Prazo (meses) | |||||
Mínimo | Máximo | Mínimo | Máximo | |||
SONAE Cartão Universo(1) |
Não tem | 16,6% | 500€ | 5.000€ | 3 | 12 |
UNIBANCO Cartão Classic(2) |
Não tem | 16,1% | 300€ | n.d. | Unicamente para 3 prestações | |
UNIBANCO Cartão Atitude |
Não tem | 16,1% | 300€ | n.d. | Unicamente para 3 prestações | |
ONEY Cartão Jumbo |
Não tem | 16,5% | 75€ | n.d. | Unicamente para 3 prestações | |
UNICRE Cartão TAP Fly+ |
Não tem | 16,1% | 75€ | n.d. | Unicamente para pagamento de viagens TAP em 3 prestações | |
CETELEM Cartão FNAC |
Não tem | 16,6% | 160€ | 5.000€ | Unicamente para 4 prestações | |
BNI EUROPA Cartão de Crédito Puzzle(3) |
Não tem | 16,6% | n.d. | n.d. | 6 | 60 |
- (1) Inclui fracionamento sem juros para uma rede de parceiros.
- (2) Através do cartão complementar gratuito TR3S.
- (3) Restrito a determinados parceiros.
- n.d. = Não disponível
No entanto, a possibilidade de se recorrer ao fracionamento sem quaisquer custos não é o padrão no mercado. O recurso à modalidade de compra repartida poderá implicar suportar juros, com uma TAEG ligeiramente inferior, ou mesmo igual, à que se aplica a todos os pagamentos com cartão de crédito que não sejam efetuados a 100% (ou seja, findo o período de crédito sem juros).
Cartão | Anuidade | Fracionamento | |||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Valor (€) | Prazo (meses) | TAEG do fracionamento | TAN do fracionamento | ||||
Mínimo | Máximo | Mínimo | Máximo | ||||
Santander PagaSIMPLES(1) |
Não tem | 100€ | Não tem | 3 | 36 | n.d. | 5,5% |
Novo Banco NB Verde |
10€ | 75€ | Não tem | Não tem | 36 | n.d. | 8,2% |
CGD Caixa Classic |
18€ | 1.000€ | 15.000€ | 6 | 48 | 16,6% | 15,5% |
WiZink Flex |
Não tem | 250€ | 10.000€ | 6 | 60 | 16,6% | 15,5% |
WiZink Rewards | Não tem | 250€ | 10.000€ | 6 | 60 | 16,6% | 15,5% |
- (1) Funcionalidade associada à generalidade dos cartões de crédito do Santander, que permite fracionar os pagamentos em prestações mensais.
- n.d. = Não disponível
Entre os cartões analisados depreende-se que o prazo máximo de fracionamento que existe no mercado é de 60 meses, ao passo que o mínimo são três. Entre os valores que é possível fracionar, o mínimo assinalado são 75 euros ao passo que o máximo registado são 15 mil euros, sendo que existem duas instituições que não apresentam qualquer limite neste sentido (Santander e Novo Banco).
Quais são, no fundo, os grandes benefícios?
Uma das maiores vantagens a assinalar nos pagamentos fracionados reside no facto de serem semelhantes a um crédito pessoal, mas sem o tempo de aprovação que um pedido de empréstimo deste género implica – basta que o consumidor detenha o cartão a priori e que escolha esta modalidade, o que implica muito pouca (ou nenhuma) burocracia.
A modalidade de pagamentos fracionados faz com que o consumidor possa ir pagando as suas compras de forma mais faseada e, portanto, mais “suave” para as suas finanças pessoais.
O fracionamento de compras é especialmente vantajoso quando não há lugar à cobrança de juros. No entanto, os consumidores devem utilizar este benefício de forma consciente, assegurando que posteriormente têm efetivamente condições financeiras para reembolsar o valor devido, de forma a evitar potenciais situações de sobreendividamento.