Apagão deu palco à desinformação
Segundo a coligação Ação Climática Contra a Desinformação (CAAD), o apagão que deixou milhões sem energia durante mais de dez horas foi explorado para espalhar mentiras nas redes sociais e meios alternativos.Entre as principais teorias falsas estavam:
supostos ataques cibernéticos russos;
anomalias atmosféricas inexplicáveis;
falhas nas energias renováveis;
e até “experiências governamentais”.
Mais de 50% dos inquiridos acreditou em pelo menos uma destas versões falsas, sendo a ideia da dependência das renováveis a mais comum, sobretudo entre eleitores de extrema-direita.
“As crenças sobre alterações climáticas e o partidarismo político são os principais fatores que explicam as diferenças de atitude face à desinformação”, indica o relatório.
Renováveis no centro das teorias
A narrativa mais difundida foi a de que as energias renováveis falharam e causaram o apagão, algo que o próprio relatório classifica como totalmente falso.Os especialistas recordam que as energias limpas são essenciais para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e que o incidente foi o resultado de vários desligamentos súbitos na rede elétrica, e não da tecnologia em si.
Desinformação climática é um problema global
O estudo da CAAD, que entrevistou 2.400 pessoas em Espanha e no Reino Unido, conclui que a desinformação climática está a ganhar força e influencia cada vez mais as perceções políticas e sociais.
O relatório pede medidas concretas, incluindo:
maior responsabilidade das redes sociais na moderação de conteúdos falsos;
campanhas públicas de sensibilização sobre alterações climáticas;
controlo à publicidade enganosa que promova o consumo de combustíveis fósseis;
e mais apoio às equipas de verificação de factos que desmascaram fake news ambientais.
Causas reais do apagão
Um painel de peritos que investiga o apagão de 28 de abril concluiu que o problema resultou de uma sucessão de falhas na produção renovável e perda de sincronismo com a rede elétrica europeia.O relatório final será publicado no primeiro trimestre de 2026 e deverá incluir recomendações para evitar novos apagões, não só na Península Ibérica, mas em toda a Europa.
O apagão foi real, mas as teorias à sua volta não.A desinformação sobre energias renováveis continua a crescer, e este relatório deixa claro: combater as fake news climáticas é tão urgente como combater as alterações climáticas em si.