A habitação em Portugal continua a encarecer a um ritmo superior ao da média europeia, colocando o país no topo da lista de maiores aumentos de preços na União Europeia. Os dados mais recentes confirmam uma realidade já sentida por milhares de famílias: comprar ou arrendar casa está cada vez mais difícil.
Preços duplicaram desde 2015
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) e dados europeus, os preços das casas em Portugal mais do que duplicaram na última década. Este crescimento ultrapassa os 100%, enquanto a média da UE ronda os 48% no mesmo período.
Porquê este aumento tão acentuado?
Vários fatores explicam esta escalada dos preços:
1. Oferta escassa de habitação
Portugal continua a ter uma oferta de imóveis insuficiente face à procura. A construção de novas casas não acompanha o ritmo das necessidades habitacionais, em particular nas zonas urbanas e costeiras.
2. Processos lentos e burocráticos
A demora na aprovação dos projetos é um dos maiores obstáculos. Os processos são lentos e dificultam a construção de novas casas, limitando a oferta no mercado.
3. Custos de construção elevados
A escassez de mão-de-obra especializada e o aumento dos preços dos materiais de construção têm encarecido os novos projetos, acabando por refletir-se no preço final das casas.
Efeitos no acesso à habitação
Com preços em máximos históricos, cada vez mais portugueses têm dificuldade em comprar casa, sobretudo jovens e famílias da classe média. Também o mercado de arrendamento enfrenta pressão, com rendas a subir rapidamente.
Este cenário dificulta que os jovens saiam de casa, o que afeta o emprego, a retenção de talento e até a decisão de ter filhos.
Bruxelas aponta soluções
A Comissão Europeia já identificou este problema como estrutural e propõe medidas para travar a escalada dos preços nos países mais afetados, incluindo Portugal:
Acelerar e simplificar o licenciamento de obras;
Reforçar o parque habitacional público;
Regular o alojamento local em zonas de pressão urbana;
Reabilitar imóveis devolutos e subutilizados;
Melhorar os transportes públicos para facilitar a descentralização da habitação.
Crise habitacional: a urgência de respostas eficazes
Portugal enfrenta uma das mais graves crises de acesso à habitação da Europa. Enquanto os salários não acompanham a evolução dos preços, e a oferta continua limitada, o mercado mantém-se pressionado. A resposta terá de ser estrutural, coordenada e sustentada no tempo — caso contrário, o direito à habitação continuará fora do alcance para muitos.