Os valores das casas para arrendar continuam numa tendência crescente, consequência sobretudo da elevada procura. Mas quando se arrenda um apartamento, impõem-se as questões: é muito caro, é muito barato? Qual será afinal a renda ideal?
Se, por um lado, os senhorios querem fazer um valor ajustado ao mercado que lhes garanta lucro, os inquilinos procuram, por outro, ofertas com o valor mais em conta possível.
Quais são os fatores que definem o valor de uma renda?
Perante a necessidade de se definir a renda certa, há que ter primeiramente em conta as despesas que lhe são inerentes:
Imposto sobre rendas;
Quotas de condomínio;
Para além destes encargos, é recomendável que o senhorio tenha uma poupança de parte, tanto para eventuais despesas de manutenção, como também para assegurar que não existe prejuízo. A estes encargos acrescerá, se for o caso, a prestação mensal do crédito à habitação.
As despesas de manutenção, de pintura e de reparação podem ser deduzidas no IRS, assim como os gastos de iluminação e aquecimento central. Também o IMI e encargos com seguros são dedutíveis.
Crédito à habitação destinado a casas para arrendar
Sendo o crédito à habitação o elemento mais importante no processo de compra de casa (pois raros são os casos em que se tem o valor total para pronto pagamento), o cliente tem de informar o banco sobre o propósito da solicitação do crédito.
Ou seja, se sabes de antemão que a casa que queres comprar será para arrendamento, o contrato contemplará essa situação, tanto em termos das condições, como do spread proposto pelo banco.
Se, por outro lado, decidires arrendar a tua habitação no decorrer do crédito, não há problema. Contudo, é obrigado a notificar o banco dessa intenção. Nestes casos, o banco geralmente renegocia o spread.
Ainda assim, existem naturalmente exceções: se a decisão decorrer do facto de um dos elementos do agregado familiar estar desempregado ou se o local de trabalho se alterar para outro local, pelo menos a 50km de distância da habitação, o banco não irá renegociar o spread.
Perante a decisão de alterar a finalidade do crédito, se as condições propostas pela instituição financeira não forem do teu agrado, poderás sempre recorrer a uma transferência do crédito para outra entidade bancária que apresente uma melhor proposta.
O mesmo se aplica aos seguros subscritos, existindo sempre a possibilidade de mudar para uma seguradora que contemple uma oferta com valores mais em conta e/ou condições mais apelativas. O proprietário da habitação terá custos com o seguro multirriscos e o seguro de vida que, apesar de propostos pelo banco, poderão ser contratados externamente e diretamente através de qualquer seguradora.
Como chegar ao valor ideal da renda
A Ana e o Carlos são um casal jovem que adquiriu um T2 em Lisboa por 140 mil euros com a finalidade de arrendamento. Para tal, recorreram a um crédito à habitação cuja prestação mensal é de 400 euros. A esta prestação, somemos o IMI, o imposto de renda, os seguros, o condomínio, bem como a poupança para dois meses de desocupação por ano. Bem feitas as contas, o casal terá de cobrar, pelo menos, cerca de 740 euros para não ter prejuízo.
Este valor pode ser alterado anualmente, mas há que ter atenção às diretrizes sobre a atualização dos valores rendas. Eis os cálculos:
Exemplo prático de cálculo do valor da renda
Tipo de encargos com o imóvel | Valor mensal | Subtotal |
IMI (140.000€ x 0,3% / 12) | 35€ | 35€ |
Seguro multirriscos (150€ / 12) | 12,5€ | 47,5€ |
Seguro de vida (300€ / 12) | 25€ | 72,5€ |
Prestação mensal do crédito à habitação | 400€ | 472,5€ |
Despesas de condomínio | 10€ | 482,5€ |
Acréscimo de poupança para dois meses de desocupação anual (482,5€ x 2 = 965€) | 96,5€ | 579€ |
Acréscimo de imposto de renda (28% x 579€) | 162,12€ | 741,12€ |
Valor final da renda | 741,12€ | 741,12€ |
Nota: Valores meramente referenciais a título exemplificativo.
É importante lembrar que, se por acaso o casal já tivesse terminado de reembolsar o crédito à habitação, a margem de lucro resultaria mais alta. Caso contrário, a chave está na comparação do mercado e, de seguida, na escolha da oferta de crédito mais vantajosa.