Um automóvel desvaloriza rapidamente, e comprar um novo nem sempre compensa, pois perde valor logo no primeiro ano. Por isso, muitos optam por carros usados, que permitem acesso a modelos melhores por preços mais acessíveis e com menor desvalorização.
Assim, é crucial saber como comprar sem ser enganado. Descobre os quatro passos essenciais para fazer uma boa compra.
Passo 1: definir quanto estou disposto a pagar
Estabelecer um budget é essencial para não te deixares levar na hora de adquirir uma viatura usada. Faz o trabalho de casa: depois de escolheres o modelo e a marca que preferes, faz uma pesquisa pelos preços que estão a ser praticados no mercado para esse automóvel.
Mesmo que não disponhas do montante total para a compra da viatura, hoje em dia é relativamente fácil conseguir um crédito automóvel, mesmo sem entrada inicial e até sem reserva de propriedade. É uma questão de perceber qual é a instituição financeira que oferece as melhores condições.
No âmbito do seu orçamento, não te esqueças também de ponderar as despesas que estão para além do preço do carro, nomeadamente o valor do registo de propriedade, o seguro automóvel e o Imposto Único de Circulação (IUC). Os prémios dos seguros variam, entre muitos outros fatores, conforme a marca e o ano de fabricação, por isso há que considerar estes atributos.
Tem ainda em consideração que, se vais adquirir uma viatura no estrangeiro para trazê-la para Portugal, terás custos acrescidos com a legalização de carros importados.
Passo 2: decidir entre comprar num stand ou fazer negócio com particulares
Os stands, para além da variedade de carros que colocam à disposição do consumidor, são obrigados a dar uma garantia ao comprador, que varia entre um a dois anos, o que é inevitavelmente um ponto a favor.
Outra vantagem é o facto dos stands normalmente recondicionarem as viaturas, arranjando avarias e tratando também da parte estética do automóvel.
Por causa dessas reparações e devido à margem de lucro que pretendem auferir, um carro usado comprado num stand é geralmente mais caro do que quando adquirido a um particular.
Quando se compra a um particular, é normal que o carro seja vendido com alguns danos por reparar - mossas/amolgadelas, riscos, manchas nos estofos, desgaste do tabliê, direção desalinhada, etc. -, o que faz com que o preço a pagar possa naturalmente ser mais baixo.
Alguns stands admitem retomas – ou seja, a entrega do seu atual veículo -, o que permite abater alguns euros no preço. Se não estiveres interessado em vender o teu carro atual e quiseres desfazer-te do mesmo, é uma opção que te permite poupar algum dinheiro.
Seja comprado a um stand ou a um particular, nada como fazer o test drive do veículo e tentar saber o seu histórico, pedindo o livro de revisões.
Existe ainda a hipótese dos carros usados certificados pelas marcas, que recondicionam os veículos e vendem-nos normalmente em boas condições. Este pode ser um bom negócio, tendo em conta que o automóvel até já sofreu a maior parte da desvalorização inicial.
Passo 3: analisar cautelosamente o estado do veículo
Saber olhar para possíveis defeitos à vista no automóvel é crucial para não te deixares enganar pelas mais pequenas coisas. Desde logo, atenta na pintura: abre o porta-bagagens, o capô e as portas e verifica se existem marcas de tinta com spray por cima da tinta original.
Vê o carro durante o dia com luz natural, pois existem pequenos defeitos que podem ser disfarçados na presença de pouca iluminação. Por exemplo: se houver bolhas na pintura, trata-se de um sinal de ferrugem.
Experimenta os pedais para averiguar se estão desgastados por condução abusiva. Verifica todos os comandos do carro (abertura de vidros, ar condicionado, etc.) e o sistema de som.
Vê ainda se, quando ligas o carro, ficam acesas algumas luzes do painel de instrumentos que não é suposto, tais como a da bateria, a do ABS e a do nível do óleo, a título exemplificativo.
Na altura em que fores fazer o test drive e puseres o motor a trabalhar, nota que o mesmo não deve ter ruídos e batidas constantes. Se ouvires um determinado chiar, este pode ser um indicador de problemas na correia de distribuição. Se a direção vibrar ou abanar enquanto se conduz, a caixa de direção pode estar solta.
Passo 4: como comprar um carro usado sem ser enganado nos quilómetros?
Se o carro apresenta desgaste acentuado nos estofos, volante ou caixa de velocidades, mas tem poucos quilómetros, desconfia — pode ter o conta-quilómetros adulterado.
Para carros portugueses, podes pedir ao IMT uma certidão de inspeção (30€) com o histórico de quilómetros. Discrepâncias indicam possível fraude.
Se o carro for importado, usa o VIN (número do chassis) em sites europeus para verificar os quilómetros registados na última inspeção no país de origem.
Portanto, para saber como comprar um carro usado sem correr grandes riscos, basta seguir todos estes cuidados. Ao fazer o test drive, não demores apenas cinco minutos: conduz durante cerca meia hora, alternando a velocidade. Tenta sempre negociar o preço do carro.
Como comprar um carro usado sem sair defraudado? Simples: é só tomar as devidas precauções.