Habitação: quando os edifícios do Estado ganham nova vida

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Escrito por:

Carolina Godinho

Transformar o velho em novo pode ser parte da solução. Em Anadia, antigos edifícios públicos estão a ser reaproveitados para criar alojamentos acessíveis, e o exemplo pode inspirar outros municípios.

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De escola secundária a casa de estudantes

Em Anadia, no distrito de Aveiro, parte da antiga escola secundária foi convertida num alojamento estudantil moderno e acessível. O espaço, hoje integrado na Escola da Bairrada, do Instituto Politécnico de Coimbra, oferece 56 camas com rendas entre 85€ e 120€ por mês.

“Temos 28 camas neste piso e 28 no superior. É um alojamento acessível, aberto a qualquer estudante do ensino superior”, explica Patrícia Flores, chefe da Divisão de Educação do município.

A requalificação foi financiada pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, e permitiu dar nova vida a um edifício devoluto do Estado.

Do papel à prática: mais projetos a caminho

A Câmara de Anadia não quer ficar por aqui. Segundo Hugo Fonseca, chefe da Divisão de Planeamento e Sistemas de Informação Geográfica, já estão em curso novas conversões de imóveis públicos em habitação acessível.

“Este era um edifício escolar antigo que transformámos num alojamento estudantil a custos controlados. E estamos já a trabalhar noutros prédios do Estado e da Câmara para os adaptar a habitação”, adianta o responsável.

Um dos próximos projetos envolve o antigo Serviço de Finanças de Anadia, que deverá ser transformado em cerca de 10 fogos de arrendamento acessível.

Reaproveitar o que já existe

Perante a falta de habitação, aproveitar edifícios públicos sem uso é, para Hugo Fonseca, um caminho lógico:

“Temos capacidade técnica e conhecemos o território. Podemos ser nós, os municípios, a dar novo uso aos edifícios devolutos e a transformá-los em soluções habitacionais.”

Esta estratégia não substitui a construção nova, mas complementa-a, aproveitando o que já existe e reduzindo custos e tempo de execução.

 “O que menos queremos é prédios vazios”

A presidente da Câmara cessante, Teresa Cardoso, reforça essa visão:

“Temos alertado o Estado para a necessidade de intervir nos imóveis devolutos. Seria importante que alguns fossem disponibilizados ao município para obras e adaptação à habitação.”

A autarca sublinha que o objetivo é simples: não deixar prédios públicos vazios no centro das localidades, especialmente quando podem ser recuperados para uso habitacional.

“Investe-se tanto em regeneração urbana que não faz sentido ter imóveis sem utilização. Se podemos transformá-los em casas, é claramente um caminho a seguir.”


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Carolina Godinho
PR & Partnerships Manager