Se já tentaste pedir um crédito habitação ou mesmo um simples crédito pessoal, de certeza que te pediram recibos de vencimento e a última declaração de IRS. Sabes porquê? Porque é com esses documentos que o banco avalia a tua taxa de esforço — um indicador que mostra se tens margem financeira para assumir mais prestações sem ficar apertado ao final do mês.
Em 2025, com os juros a continuarem altos e os bancos cada vez mais rigorosos, perceber esta taxa é essencial antes de dares o passo para qualquer empréstimo.
O que é afinal a taxa de esforço?
A taxa de esforço é simplesmente a percentagem do teu rendimento líquido (ou do agregado familiar) que já está comprometida com créditos (habitação, automóvel, cartões de crédito).
No fundo, ajuda-nos a perceber qual é o rendimento que tens disponível para fazer face às despesas do dia a dia (tais como alimentação, transportes e combustível, educação e lazer) após o pagamento das obrigações mensais com créditos.
Idealmente, esta taxa não deverá ser superior a 33%, ou seja, um terço do rendimento total do agregado familiar.
No caso de um crédito à habitação, pelo facto de se tratar de um empréstimo de um valor mais avultado, existe alguma liberdade para chegar a valores próximos dos 40%. Ainda assim, o Banco de Portugal não aconselha que concedam crédito com uma taxa de esforço superior a 50%.
Evitam-se assim futuras situações de sobreendividamento em caso de alterações inesperadas nos rendimentos das famílias, como situações de desemprego ou de doença prolongada.
Como calcular?
As despesas mensais referentes a eletricidade, água, gás e telecomunicações não são consideradas no cálculo da taxa de esforço. Contam apenas os encargos com prestações mensais de crédito (cartão de crédito, crédito pessoal, crédito automóvel).
Caso não tenhas um crédito à habitação, mas se estiveres a pagar por uma casa arrendada, este valor deverá ser incluído nas despesas com encargos financeiros.
Para calcular a tua taxa de esforço, ainda numa fase preliminar, basta executar o seguinte cálculo:
Taxa de esforço = (Encargos financeiros / Rendimento Líquido Total do Agregado) x 100
Simulador de taxa de esforço
Para a perceber se as tuas responsabilidades mensais com créditos face aos teus rendimentos se encontram dentro dos limites aceites pelos bancos em Portugal, deverás proceder ao cálculo da tua taxa de esforço.
Poderás fazê-lo através do nosso simulador da taxa de esforço, que se encontra dividido em dois campos que tens de preencher: um relativo aos teus rendimentos e outro às tuas despesas mensais fixas com créditos.
Em primeiro lugar, e no que diz respeito aos teus rendimentos mensais, indica os seguintes valores:
O teu salário líquido, caso sejas trabalhador;
Os teus rendimentos de rendas, se fores proprietário de imóveis arrendados;
Pensões, no caso de seres pensionista;
Outros rendimentos mensais fixos, que só serão considerados para simular a taxa de esforço se forem declarados no IRS.
De seguida, para simular a tua taxa de esforço, introduz os valores que tens a pagar por cada um dos créditos:
Habitação;
Automóvel;
Crédito pessoal ou Cartão de Crédito;
Outras despesas mensais fixas (estes podem ser valores associados a outras linhas de crédito, como cartões de fidelização de lojas).
Se queres compreender melhor o peso das tuas responsabilidades com empréstimos, descarrega abaixo o nosso simulador da taxa de esforço em formato Excel:
O caso da Joana e do Rui
Vejamos o exemplo deste casal de 32 anos:
Rendimento líquido do agregado = 1.400 euros;
O casal contraiu um crédito pessoal no valor de 5 mil euros e tem um cartão de crédito com um plafond de mil euros. Ambos têm um total de encargos mensais de 220 euros (120 no crédito pessoal e os restantes 100 da prestação do cartão);
A taxa de esforço deste casal, segundo a fórmula acima indicada é de (220 / 1.400) x 100 = 15,7%.
Como é possível constatar, o Rui e a Joana têm uma taxa de esforço bastante suportável face ao rendimento que auferem. Por norma, a taxa de esforço ideal nunca deveria ser superior a 33%. No entanto, existem sempre exceções e casos pontuais.
O que fazer para reduzir a taxa de esforço?
Quando a taxa de esforço é elevada, uma grande parte do rendimento do agregado é alocada para o pagamento de prestações de empréstimos bancários.
Atenção que, para além do salário de cada um, outros rendimentos, como pensões de invalidez ou viuvez, abonos de família e até mesmo outros trabalhos (desde que a pessoa faça os devidos descontos) são contemplados como rendimentos e serão tidos em conta no cálculo desta percentagem.
Caso a tua taxa de esforço para crédito habitação seja muito elevada, sugerimos:
Renegociar o crédito - Desta forma, poderás obter melhores condições e reduzir a tua taxa de esforço ao alargar o prazo de pagamento.
Transferir o teu empréstimo - Outra opção bastante comum para quem paga prestações da casa, de forma a encontrares melhores condições de financiamento noutra instituição.
Consolidar os teus créditos - Aconselhamos ainda a consolidar todos num só. Podes assim alargar o prazo de pagamento ou até reduzir a taxa de juro e ficarás a pagar apenas uma prestação mensal, o que contribuirá para melhorar a tua taxa de esforço. Consequentemente, ganharás mais flexibilidade na gestão do teu orçamento familiar.
Evita novos créditos - Enquanto a tua taxa de esforço estiver alta, evita contrair novos empréstimos. Espera até estabilizares as tuas finanças.
A taxa de esforço pode parecer apenas mais um número que o banco calcula, mas, na prática, é o reflexo da tua saúde financeira. Mantê-la controlada não é só importante para conseguires crédito: é também a melhor forma de garantir que não ficas sufocado com prestações.
Faz as contas antes de avançar — e lembra-te: quanto mais baixo o esforço, maior a tua margem para viver com tranquilidade.