Como fazer um orçamento familiar?

Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Com a inflação que continuamos a viver, poupar está na ordem do dia. Descobre como fazer um orçamento familiar e chegar ao fim do mês com um saldo positivo.

As famílias portuguesas estão a passar por tempos difíceis, e muitas já estão a ser obrigadas a fazer escolhas e prescindir de alguns bens e serviços. Ninguém escapa às consequências da espiral inflacionista que assola a Zona Euro, mas é possível fazer alguns ajustes no orçamento familiar para moderar o seu impacto. Toma nota das dicas para poupar que temos para ti.

Como fazer um orçamento familiar?

Apesar de poder parecer óbvio, ainda há muitas famílias que não sabem as despesas que têm. É por isso que criar um orçamento familiar é importante.

Sem este instrumento, não saberás para onde vai o dinheiro, nem terás noção de quanto gastas, e a tendência é chegar ao fim do mês com cada vez menos dinheiro. Assim, é urgente que conheças as despesas fixas e variáveis que tens todos os meses. Começa por criar uma tabela com as seguintes colunas:

Rendimentos

Nesta coluna, deverás listar todas as tuas fontes de rendimento, como o salário, atividades com trabalho independente, pensões ou rendas. Aqui também deverão constar as fontes de rendimento variáveis, como horas extra de trabalho, prémios de desempenho, ou juros. Os valores deverão ser líquidos de impostos, para que representem fielmente a realidade.

Despesas

Nesta coluna, deverás listar todas as despesas fixas mensais, como a prestação da casa ou renda, condomínio, prestação do carro, despesas com combustíveis ou transportes públicos, contas da água, luz, gás, telecomunicações, subscrições, seguros ou mensalidade do ginásio.

Deverás incluir também despesas variáveis, como alimentação, vestuário ou lazer, e categorizar cada uma como essencial ou prescindível. Não te esqueças de ser meticuloso e registar todas as despesas, mesmo as que te pareçam insignificantes.

Sabe mais:

Saldo

Esta coluna deverá fazer a subtração entre os totais da coluna dos rendimentos e os da coluna das despesas. Se o saldo for negativo, é hora de te colocares algumas questões e começar a aplicar as dicas de poupança que abordaremos mais à frente.

Contudo, poderás avaliar, desde já, para onde vai a maior parte dos teus rendimentos, e se há alguma despesa atual que poderias dispensar, dentro das categorizadas como prescindíveis.

Meta de poupança

Nesta quarta coluna deverá constar o montante que desejas poupar todos os meses. Ter este valor registado ajuda a motivar: isto porque ao longo do mês há mais probabilidade de encontrar motivos aparentemente racionais para destinar o dinheiro para outro fim que não a poupança.

Depois de criada esta tabela, atualiza-a todos os meses e faz comparações. Só assim conseguirás extrair conclusões úteis do teu orçamento familiar, e perceber se estás no bom caminho ou se precisas de tomar medidas mais assertivas.

Como poupar no orçamento familiar?

Há muito a fazer para tornar a coluna do Saldo mais animadora. Toma nota e verifica se já estás a adotar cada uma delas.

1. Põe de parte o valor da poupança assim que recebes o ordenado

Esta é a regra número 1 das finanças pessoas. Assim, sempre que receberes o ordenado, coloca de lado a parte referente à poupança pretendida.

Deste modo, esse montante fica protegido contra “tentações” futuras. Se automatizares os processos de poupança de cada vez que recebes o teu salário, estarás menos propenso a quebrar a regra.

2. Prepara um fundo de emergência

Não te esqueças de reservar algum dinheiro para usar no caso de surgir um imprevisto. Ainda que te pareça pouco provável, o carro pode avariar, a máquina de lavar roupa pode deixar de funcionar, ou o teu animal de estimação pode precisar subitamente de um tratamento veterinário.

É importante que não sejas apanhado desprevenido neste tipo de situações e que possas responder sem comprometeres o equilíbrio financeiro.

3. Sê fiel ao teu objetivo

Não te afastes das tuas metas e objetivos de poupança. Evita a tentação de desculpar despesas que não são necessárias, e compromete-te com o teu orçamento familiar.

Ainda que te pareça desafiante manter as restrições, terás uma agradável sensação de dever cumprido e uma maior motivação para continuar.

4. Antes de comprar, confirma se é mesmo necessário

Ir às compras sem saber bem o que vais comprar, com a ideia de que “logo se vê”, acaba por fazer com que compres mais do que necessitas e gastes mais do que o previsto.

Assim, verifica sempre o que já tens em casa e organiza as tuas necessidades numa lista. O mesmo é válido para outro tipo de compras, como roupa, livros ou tecnologia.

Não percas:

5. Verifica as faturas e regista as despesas

Depois de pagar na caixa do supermercado, toma alguns segundos para verificar o talão das compras e confirmar se os preços estão corretos. Não é incomum que os produtos em promoção passem com o preço sem desconto.

No final, faz o registo das despesas na folha inicial para ir controlando ao detalhe tudo o que gastas.

6. Evita o desperdício de água

Hábitos simples podem ter um impacto maior do que podes pensar. Só o facto de fechar a torneira enquanto lavas os dentes ou fazes a barba pode implicar o consumo de 40 litros de água por ano.

Além disso, fechar a torneira enquanto ensaboas o corpo ou aplicas shampoo pode reduzir o consumo de água para cerca de 60 litros por ano. Tanto por uma questão de poupança como pelo ambiente, é importante tomar medidas para evitar o desperdício de água.

7. Faz uma utilização responsável da luz

Algumas rotinas diárias estão tão automatizadas que nem nos damos conta do consumo energético evitável que representam. Gestos tão simples como desligar a luz sempre que sais de uma divisão, não manter os equipamentos em standby e equipar a casa com lâmpadas LED somam grandes poupanças no final do mês.

Assim, adota hábitos responsáveis para poupar energia e para aliviar o orçamento familiar.

8. Climatiza a casa de forma inteligente

Deixas os aquecedores sempre ligados durante o inverno, e os aparelhos de ar condicionado em funcionamento durante o verão? Tenta climatizar a casa de forma natural.

Para poupar energia no verão, fecha as persianas e as cortinas durante o dia para impedir a incidência direta do sol, e abre as janelas à noite para refrescar o ambiente. No inverno, garante que a tua casa está bem isolada para o frio não entrar, e opta por soluções de aquecimento económicas.

Vê ainda:

9. Comunica as leituras

Muitas casas portuguesas estão já equipadas com contadores inteligentes, o que permite que a comercializadora de água, luz e gás aceda remotamente às leituras. Se ainda não for o teu caso, não deixes de comunicar as leituras.

Desta forma, certificas-te de que pagas apenas o que efetivamente consomes e não uma estimativa feita pela empresa.

10. Reduz a potência contratada

Há ainda muitos consumidores que contratam uma potência de fornecimento elétrico acima do necessário, o que representa um escalão tarifário maior e, por consequência, uma fatura da luz mais pesada. Assim, verifica na tua fatura qual a potência contratada e, se não costumas usar muitos equipamentos elétricos em simultâneo, contacta a comercializadora para a reduzir.

Por exemplo, o primeiro (e mais barato) nível de potência contatada, de 3.45 KVA, é a melhor opção se não ligas, em simultâneo, mais do que um frigorífico, uma máquina de lavar roupa, um televisor e um computador.

Descobre:

11. Não deixes passar os prazos de pagamento

Com a agitação diária, é fácil deixar passar prazos de pagamento, o que pode trazer encargos adicionais com penalizações, juros de mora ou aborrecimentos burocráticos. Assim, tem todas as tuas contas em dia, mesmo as mais pequenas, e recorre a lembretes para não deixar passar os prazos.

12. Não acumules dívidas

Sempre que possível, paga a pronto. Podes correr o risco de acumular dívidas com a prestação da casa, do carro, viagens ou mobílias. Se a tua taxa de esforço ultrapassar os limites e não tiveres grande margem, reformula os teus hábitos de consumo.

13. Renegocia contratos

Se os custos de financiamento são elevados, tenta obter condições mais vantajosas com as tuas prestações, como a da casa ou do carro, ou renegociar condições com as comercializadoras da água, eletricidade, gás ou telecomunicações.

Os seguros também podem ser revistos. Assim, toma algum tempo para, periodicamente, avaliar a oferta da concorrência e verificar se existe uma alternativa mais favorável para o teu orçamento familiar.

Utiliza os nossos simuladores gratuitos para comparar, com toda a comodidade, as condições de cada operador.

14. Faz uma utilização criteriosa dos cartões de crédito

Se tens um cartão de crédito, pondera se é realmente necessário e, em caso afirmativo, faz uma utilização criteriosa. Caso contrário, poderás deixar-te levar pela facilidade em fazer compras mais avultadas e incorrer em prestações pesadas.

Quando tiveres mesmo de o usar, tira partido de eventuais vantagens associadas, como, por exemplo, os cartões de crédito com descontos ou cartões com modalidade cashback.

15. Pondera formas de aumentar os rendimentos

Poupar no orçamento familiar não significa apenas adotar hábitos restritivos, mas também aumentar os rendimentos. Rentabiliza um talento que tenhas ou faz de um hobby um part-time. Atualmente, existem muitas formas de o fazer.

Por exemplo, poderás fazer babysitting ou petsitting, disponibilizar os teus serviços como freelancer ou dar explicações. Se a culinária for o teu forte, porque não cozinhar para fora? Faz também uma revisão à roupa e objetos de decoração que já não utilizas e vende-os em plataformas de segunda mão.

Assim, não te limites a uma única fonte de rendimento e tira partido de outras alternativas que possam ajudar a equilibrar o teu orçamento familiar.

16. Põe o dinheiro a trabalhar para ti

Com a taxa de inflação a subir, ter o dinheiro parado no banco sai caro. Depois de teres o teu orçamento familiar organizado, o Fundo de Emergência criado e os teus objetivos financeiros definidos, pondera investir.

Capitalizar recursos é uma forma de obter estabilidade financeira a longo prazo. Por exemplo, os ETFs são um dos produtos de investimento mais considerados pelos consumidores pelo baixo risco que apresentam. Além destes, existem outras aplicações financeiras que poderás analisar para gerar um rendimento extra.

Contudo, como esta é uma área que requer algum domínio sobre o assunto, lê, estuda, analisa e conhece produtos de investimento, de forma a tomar decisões informadas e com consciência.

17. Envolve a família

Poupar é uma missão mais fácil se for partilhada por toda a família. Toma algum tempo a explicar a todos o objetivo da poupança, e o que poderão fazer com esse montante adicional.

Assim, com todos a trabalhar em conjunto, não terás que lutar em cada ida ao supermercado para conseguir poupar.

ComparaJá, ao teu lado nos objetivos de poupança

Para que o dinheiro seja bem gerido, é necessário criar um orçamento familiar e mantê-lo equilibrado com estas dicas de poupança. Esta é uma missão de toda a família, que deve estar comprometida com os esforços financeiros.

Pode parecer desafiante, mas, com o tempo e comprovando os resultados, compensa. Conta sempre com o nosso Blog para te manteres atualizado sobre os temas financeiros e tomar decisões mais informadas.


Susana Pedro
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Content Writer