Começar do zero: investir com pouco dinheiro

Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Em Portugal há várias opções para investir com pouco dinheiro e começar do zero. Descobre quais são e quais as melhores para ti.

Investir com pouco dinheiro

Hoje em dia, não precisas de ser rico para começar a investir. Em Portugal, existem várias formas de aplicar o teu dinheiro — mesmo que tenhas apenas 10, 50 ou 100 euros disponíveis.

Se queres fazer crescer as tuas poupanças aos poucos, este guia é para ti. Vamos mostrar-te várias opções para investir com pouco dinheiro, desde as mais seguras até às mais arrojadas.

Por onde começar?

Investir dinheiro num banco é, geralmente, uma boa ideia e é o mais comum entre os portugueses. Porém, a inflação pode fazer baixar o valor do dinheiro ao longo do tempo e muitas vezes as taxas de juro dos depósitos bancários raramente igualam ou excedem a taxa de inflação.

Em Portugal, existem várias opções quando se trata de fazer o primeiro investimento, especialmente quando se começa com uma quantidade limitada de capital.

Apresentamos, abaixo, algumas opções para investir com pouco dinheiro. Estas serão apresentadas por ordem crescente consoante o seu nível de risco. Assim, à medida que fores avançando no artigo, podes ir percebendo até que ponto estarás disposto a arriscar nos teus investimentos.

Onde poderás investir?

  • Depósitos a Prazo

  • Certificados de Aforro

  • Certificados do Tesouro

  • PPR

  • Seguros de Capitalização

  • Fundos de Tesouraria

  • Imobiliário

  • Acções

  • Fundos de Acções, Obrigações e Mistos

  • ETF

  • Startups

  • Opções de Risco Elevado

Investimentos de baixo risco

Investir com pouco dinheiro em depósitos a prazo

Os depósitos a prazo são produtos financeiros de baixo risco que permitem obter alguma rendibilidade. Apresentam características diversas – desde vários montantes de subscrição às taxas de juro mais ou menos apelativas e ainda no que concerne à possibilidade de se efetuar reforços mensais.

Neste momento, as taxas dos depósitos a prazo estão, em geral, pouco apelativas. No entanto, existem ainda algumas soluções específicas que podes considerar:

  • Banco BiG – “Super Depósito” 3 meses — TANB de 3,25%, montante mínimo 5 000 euros;

  • Banco BEST – Depósito novos clientes 3 meses — TANB de 3,20%, desde 500 euros;

  • BAI Europa – Depósito novos clientes 3 meses: TANB de 3,00%, montante mínimo 2 500 euros;

  • BAI Europa – 6 meses (subscritores DECO PROteste): TANB até 2,90%, montante mínimo 2 500 euros.

Para além destes depósitos a prazo simples, cuja oferta das várias instituições podes comparar através do nosso simulador gratuito, existem outras opções de investimento que podes considerar.

Se optares por um depósito noutras moedas, como por exemplo o Dólar, estes podem oferecer, em alguns casos, taxas de juro mais interessantes.

Toma nota:

No âmbito dos depósitos a prazo, sabe ainda que existem os denominados depósitos complexos, que têm retorno variável (mas são mais arriscados).

Uma opção será começar por investir nestes produtos e ir colocando algum dinheiro todos os meses no teu depósito a prazo. Deste modo, e se optares por um com uma TANL (Taxa Anual Nominal Líquida) mais competitiva, consegues obter um retorno superior no final do prazo.

Investir em Certificados de Aforro

Os Certificados de Aforro são títulos de dívida pública emitidos pelo Estado Português. Uma das suas principais características é o valor reduzido da sua subscrição, tendo como objetivo a compra a retalho, ou seja, em grandes quantidades.

Com a nova Série F, que entrou em vigor a 5 de junho de 2025, houve algumas mudanças importantes que deves conhecer:

  • Taxa de juro bruta inicial de 2,5% (inferior à da série anterior, que era de 3,5%);

  • Prémio de permanência que começa em 0,25% entre o 2.º e 5.º ano e pode chegar até 1,75% nos últimos dois anos;

  • Prazo máximo de validade de 15 anos (mais 5 anos do que a anterior série E);

  • Montante mínimo de subscrição de 100 euros (100 unidades);

  • Montante máximo de investimento de 50 mil euros por titular;

  • Possibilidade de reforços adicionais ao mesmo certificado, com valores a partir de 10 euros, sempre que quiseres.

Investir em Certificados do Tesouro

Tal como os Certificados de Aforro, os Certificados do Tesouro são produtos da dívida pública. No entanto, diferem em alguns aspetos, nomeadamente nos montantes mínimos para investimento, na forma de remuneração e na periodicidade do pagamento de juros.

Neste caso, o montante mínimo de investimento é de 1.000 euros, e o montante máximo permitido por titular é de 1 milhão de euros.

A atual série disponível para subscrição é a dos Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV). Estes títulos têm um prazo máximo de 7 anos e uma taxa de juro bruta anual crescente ao longo do tempo, da seguinte forma:

Outra das diferenças surge ao nível das taxas de juro. Por exemplo, para os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento, a taxa em si é fixa mas cresce todos os anos, a partir do segundo, da seguinte forma:

  • 1.º e 2.º anos – 0,70%

  • 3.º ano – 0,80%

  • 4.º ano – 0,90%

  • 5.º ano – 1,00%

  • 6.º ano – 1,30%

  • 7.º ano – 1,60%

A partir do 3.º ano, os CTPV incluem ainda um prémio de remuneração, que é somado à taxa fixa e depende do crescimento médio real do Produto Interno Bruto (PIB) português nos quatro trimestres anteriores à data de pagamento dos juros. Este prémio pode ir até 1,5% adicionais por ano.

Os juros são pagos anualmente e não são capitalizados, ou seja, não acumulam para o ano seguinte.

O reembolso antecipado só é possível após o 1.º ano de subscrição, e os certificados podem ser subscritos online (AforroNet) ou presencialmente nos balcões dos CTT ou em alguns Espaços Cidadão.

PPR (Planos Poupança Reforma)

Um PPR é um investimento de longo prazo pensado para funcionar como complemento à pensão de reforma. É especialmente útil para quem quer começar a poupar cedo e garantir maior estabilidade financeira no futuro.

Estes planos são oferecidos por sociedades gestoras de fundos de pensões ou por companhias de seguros. Na prática, funciona assim: escolhes o montante que queres poupar — seja num depósito inicial ou através de reforços regulares (mensais, por exemplo). Esse dinheiro é investido e vai sendo rentabilizado até chegares à idade da reforma.

Os Planos Poupança Reforma estão, regra geral, associados a um risco baixo. No entanto, esse risco é maior se escolheres investir em fundos PPR.

Nesses casos, existe a possibilidade de o aforrador perder dinheiro, mas também pode resultar num rendimento mais elevado.

Investir em seguros de capitalização

Este tipo de seguro é também uma solução para quem quer poupar a longo prazo. O que distingue este tipo de investimento de outros é, na grande maioria dos casos, a garantia de capital e uma taxa de retorno anual.

Os seguros de capitalização são aplicações que têm como objetivo o investimento de capital para horizontes superiores a um ano.

Os elevados impostos sobre os juros obtidos acabam por retirar alguma atratividade a este produto financeiro, sendo que as taxas aplicáveis dependerão do prazo do resgate:

  • Se for até 5 anos, será de 28%;

  • No caso de acontecer entre o 5º e o 8ª ano, então corresponde a 22,40% de taxa efetiva (tributação de 28% aplicada a 80% dos rendimentos, desde que o montante dos prémios pagos nos primeiros três anos represente pelo menos 35% do total investido);

  • Para resgates após o 8º ano, a taxa efetiva vai ser de 11,20% (tributação de 28% sobre apenas 40% dos rendimentos, também condicionada ao investimento mínimo de 35% nos primeiros três anos do contrato).

Investimentos com risco moderado

Investir com pouco dinheiro em fundos de tesouraria

Os fundos de tesouraria são uma boa opção para quem quer começar a investir com pouco risco e com acesso rápido ao dinheiro investido.

Estes fundos têm um nível de risco baixo, porque, por lei, só podem aplicar o dinheiro em ativos muito líquidos — ou seja, fáceis de comprar e vender, com pouca oscilação de preço.

Geralmente, os fundos de tesouraria investem em:

  • Papel comercial (dívida de curto prazo emitida por empresas)

  • Obrigações com vencimento inferior a 12 meses

  • Outros instrumentos financeiros de curto prazo, considerados seguros

Boas notícias:

Ao contrário de outros fundos, os de tesouraria não investem em ações, fundos mistos ou produtos com forte volatilidade.

Investir em imobiliário

O investimento imobiliário continua a ser uma das formas mais populares de aplicar dinheiro, especialmente porque pode gerar rendimentos passivos com relativa estabilidade — embora, claro, isso nem sempre aconteça “sem trabalho”.

Mesmo com pouco capital, é possível entrar neste mercado, por exemplo, juntando um grupo de amigos ou familiares para adquirir um imóvel em conjunto. Dividindo os custos, o investimento torna-se mais acessível.

A localização deve ser estratégica, portanto eis dois bons exemplos:

  • Zonas universitárias – garantem procura constante por parte de estudantes.

  • Zonas turísticas – aumentam o potencial para arrendamento de curta duração (ex: Alojamento Local).

Se comprar casa de raiz não está nos teus planos, existe a opção do subarrendamento legal — tornas-te intermediário entre o proprietário e os inquilinos. Com boa gestão, também pode gerar rendimento.

Atualmente existem diversas ofertas de crédito à habitação com um amplo leque de finalidades, inclusive para arrendamento ou para investimento imobiliário. Poderás ainda optar por imóveis da banca, vendidos a um custo inferior ao do mercado.

Investimentos com risco elevado (e potencial de retorno maior)

Investir em ações

Investir em ações significa comprar uma pequena parte do capital social de uma empresa. Ao fazê-lo, tornas-te acionista — ou seja, passas a ter direito a uma parte dos lucros e ao crescimento da empresa no mercado.

Mesmo com pouco dinheiro, é possível começar. Atualmente, basta investires algumas dezenas de euros para comprares ações, graças às plataformas digitais de investimento.

As ações são negociadas em bolsa, como a Euronext Lisboa, onde estão listadas empresas portuguesas conhecidas. Há cerca de 50 a 60 empresas cotadas em Portugal, mas também podes investir em empresas internacionais — como Apple, Tesla, Amazon ou LVMH — através de bolsas estrangeiras.

Ao comprares ações, ganhas de duas formas:

  • Valorização do preço da ação (se venderes mais caro do que compraste);

  • Dividendos (parte dos lucros distribuída aos acionistas).

Mas antes de aplicares o dinheiro num investimento, é importante escolheres uma boa corretora. Esta vai funcionar como intermediária entre ti e o mercado de valores, facilitando as tuas transações. Tens duas opções:

  • Corretoras bancárias tradicionais (através do teu banco);

  • Plataformas online, geralmente com comissões mais baixas e apps fáceis de usar.

Investir em ações é uma das formas mais acessíveis e populares de fazer crescer o teu dinheiro. Mas exige disciplina, informação e paciência. Com o tempo, poderás construir uma carteira diversificada e alinhada com os teus objetivos financeiros.

Grandes investidores e empresários que começaram, ainda muito jovens, a investir na Bolsa:

Warren Buffett: comprou a sua primeira ação com 11 anos, nomeadamente três ações da Cities Service Preferred;
Ray Dalio: comprou a sua primeira ação da Northeast Airlines quando tinha 12 anos;
Peter Lynch: investiu em ações da Flying Tiger quando ainda estava na faculdade.

Fundos de Ações, Obrigações e Mistos

Deste conjunto, os fundos de ações são os que apresentam um risco de investimento mais elevado. No entanto, tal como em outros produtos financeiros, quanto maior o risco, maior é a probabilidade de um retorno mais expressivo.

Os fundos de ações estão sujeitos a várias alterações no seu preço num curto espaço de tempo. Mesmo assim, podem ser uma solução a considerar para investimentos a longo prazo.

Já os fundos de obrigações variam bastante em termos de risco e rendimento, acima de tudo devido aos vários tipos de obrigações que existem.

Se, por um lado, existe quase sempre um risco de crédito associado aos fundos emitidos pelas empresas, por seu turno, as obrigações do Estado Português, por exemplo, possuem um risco muito reduzido.

Para além do risco de crédito, os fundos de obrigações podem também ser afetados pelo risco da taxa de juro. Caso as taxas de juro aumentem, o valor das obrigações tende a baixar, podendo assim perder dinheiro ao investir.

A alternativa poderá ser optar pelos fundos mistos, que permitem combinar diferentes características dos fundos de ações e os de obrigações. Desta forma poderás variar o risco – e respetivo rendimento – associado a este tipo de investimento.

ETF (Exchange Traded Fund)

Um ETF é também um fundo de investimento no qual podes investir dinheiro, sendo que se distingue dos restantes por ser negociado em bolsa. Essencialmente, podes comprar partes de um ETF da mesma maneira que investes em ações de uma empresa, detendo assim uma percentagem dos ativos que pertencem a esse ETF.

Para fazeres um investimento neste tipo de fundos, tens de abrir conta num banco ou numa corretora que disponibiliza estes produtos. Aqui, os custos de transação são um pouco mais elevados, podendo, como consequência, não ser a melhor opção para pequenos investidores.

Nesse sentido, para investir em Portugal tens uma série de intermediários, como o ActivoBank, o BiG, o Banco Invest, o Banco Best ou o Banco Carregosa, que possibilitam este tipo de transações.

Investir em startups

As startups estão na moda. O crowdfunding também. O que não falta são plataformas online de investimento em startups, nas mais variadas áreas. Se sentes que aquela empresa recém-nascida pode ser a próxima Apple ou Google, podes investir com pouco dinheiro em plataformas como a Kickstarter ou a Seedrs.

Opções para investidores mais experientes

Para além das soluções apontadas para investir dinheiro com um risco baixo a moderado, existem ainda opções que requerem uma maior predisposição para correr riscos.

Embora possam ser aliciantes pelos potenciais retornos elevados, são, geralmente, investimentos muito complexos (e até perigosos) para quem quer simplesmente gerir a sua poupança.

Para que possas avaliar com mais atenção, apresentamos aqui cinco exemplos:

  1. CFDs – apostam na subida ou descida de ativos (muito volátil).

  2. Futuros – compras hoje para vender depois a um preço fixado (mais técnico).

  3. Criptomoedas – como o Bitcoin. Alta volatilidade e sem regulação.

  4. Hedge Funds – fundos de investimento livre, pouco regulados.

  5. Forex – compra e venda de moedas internacionais (muito arriscado).

Investir com pouco dinheiro: sim ou não?

Tudo isto é vantajoso, mas não podemos descurar os riscos que estes investimentos implicam. Começar com pouco é uma excelente forma de aprender, ganhar disciplina financeira e construir um futuro mais estável.

Antes de mais, é importante analisares bem todas propostas disponíveis, assim como a tua situação financeira, antes de tomar uma decisão de investimento – seja com muito ou pouco capital.

Regra de ouro:

Nunca invistas dinheiro de que podes precisar no curto prazo. Começa pequeno, aprende e ajusta com o tempo.

Se a tua situação financeira te permitir investir com pouco dinheiro, então não hesites. Podes obter retorno com poucos euros e ver as tuas poupanças aumentarem. Investir não significa apenas aplicar uma grande quantidade de dinheiro numa ideia de negócio.


Susana Pedro
Susana Pedro
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