Comprar carro novo ou usado: qual o método mais competitivo?

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Comprar carro novo ou usado

O crédito automóvel é um tipo de crédito ao consumo, tal como o crédito pessoal e os cartões de crédito, que tem vindo a crescer de forma acelerada, que tanto pode ser utilizado para comprar um carro novo ou usado. De facto, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal:

Crédito Automóvel Fevereiro de 2018 (M) Var. Fevereiro 2018/2017
Locação financeira ou ALD novos 26.698€ 21%
Locação financeira ou ALD usados 6.474€ -2,1%
Com reserva de propriedade novos 45.996€ 23,5%
Com reserva de propriedade usados 145.574€ 23,4%

Ou seja, os portugueses estão a comprar mais automóveis, o que é positivo para um setor outrora muito afetado pela crise económico-financeira. Mas será que o aumento destes valores significa que estamos a fazer melhores escolhas? Deve comprar carro novo ou usado? E a que tipo de empréstimo recorremos mais – locação financeira ou com reserva de propriedade? Neste artigo respondemos a estas e outras questões.

Quais os tipos de crédito automóvel?

Existem três definições importantes a reter e que dizem respeito aos tipos de crédito automóvel existentes:

  • Locação financeira (leasing carros usados ou novos): forma de financiamento na qual a entidade locadora possui um bem (neste caso, uma viatura) e cede o direito de gozo desse bem ao locatário (o consumidor que quer a viatura), mediante uma prestação em dinheiro, sendo que no final do contrato o locatário pode ficar com esse bem através do pagamento de um valor residual.
  • Crédito com reserva de propriedade: o contrato é realizado com reserva de propriedade, o que significa que a viatura é propriedade do cliente, mas a instituição financeira fica com uma menção de reserva (hipoteca) que se extingue no final do prazo de pagamento.
  • Crédito pessoal sem finalidade: aqui não existe reserva de propriedade e o devedor não necessita de justificar a aquisição do automóvel à instituição financeira, podendo vender o carro ou fazer alterações no mesmo quando quiser. Veja aqui os melhores créditos pessoais sem finalidades do mercado.

A locação financeira e o crédito com reserva de propriedade são as formas de financiamento mais utilizadas em Portugal, tanto para a compra de um carro novo ou usado. Por norma, o leasing é o que possui taxas de juro mais atrativas, enquanto o empréstimo com reserva de propriedade costuma ser o mais utilizado pelos stands de automóveis. Este último tem uma vertente hipotecária, pois o carro fica como garantia do empréstimo.

Crédito para carro novo ou usado: qual compensa mais?

Existem empresas no mercado a oferecer crédito automóvel a dez anos. Isto leva a que muitos consumidores equacionem, face a esta possibilidade, comprar veículos mais caros, de alta cilindrada e topos de gama.

Mas será que compensa mais comprar um carro a um preço mais competitivo e ficar a pagá-lo durante menos tempo? Ou a melhor opção será comprar um carro mais caro, com mais potência, e demorar mais a pagar? Para responder a esta dúvida, entre carro novo ou usado, realizámos duas simulações de crédito automóvel para dois carros usados: um de alta cilindrada e outro mais simples.

No caso do de alta cilindrada, escolhemos o Mercedes-Benz A180 CDi, enquanto no de gama mais baixa foi selecionado o Renault Clio 1.5 dCi Dynamique. Esta escolha foi baseada no ranking da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (Anecra) dos carros mais vendidos em Portugal no ano de 2015, sendo que o modelo referido da Renault foi o mais vendido em Portugal no ano passado, tendo sido o Mercedes A180 CDi o segundo.

Para pagar um carro mais caro – como seria o caso do Mercedes – o consumidor necessita, à partida, de mais anos do que para pagar um que é 11.700 euros mais barato. Suponha-se um empréstimo para comprar este Mercedes a 10 anos. Será que isto é um bom investimento face a pagar um Renault Clio por quatro anos? Veja as simulações:

Simulações de crédito automóvel
Modelo Mercedes-Benz
A180 CDi
Renault
Clio 1.5 dCi Dynamique
Ano Janeiro de 2013 Novembro de 2013
Km 84.000 137.000
Potência 109 CV + 1.500 cm3 90 CV + 1.500 cm3
Combustível Diesel Diesel
Preço 25.700€ 14.000€
Prazo de pagamento 120 meses 48 meses
TAEG 10,8% 9,9%
Mensalidade 362€ 345€
Montante Total Imputado 43.983€ 16.834€

Como se depreende a partir da tabela, na qual constam as simulações de crédito automóvel para as duas viaturas usadas, a prestação mensal de ambas não difere muito, embora o prazo de pagamento varie de quatro para dez anos, assim como o preço, o que faz com que a TAEG de ambos seja diferente.

Com uma TAEG de 10,8%, se quiser comprar um Mercedes A180 CDi e ficar a pagá-lo durante dez anos, ao fim deste tempo terá desembolsado quase 44 mil euros por um carro que custa 25.700 euros, o que equivale a uma diferença face ao preço inicial de 18 mil euros.

Ora, tendo em conta que um carro é um bem que desvaloriza imediatamente a partir do momento em que é comprado e que requer constante manutenção – não falando do combustível (saiba como poupar aqui) -, estar dez anos a pagá-lo é uma escolha que pode sair cara ao consumidor.  

Por seu turno, quem quiser comprar o Renault, com uma TAEG de 9,9% para um prazo de liquidação total da dívida de quatro anos, vai pagar quase 3 mil euros a mais pelo valor inicial do mesmo.

Todas as pessoas desejam ter um bom carro, mas o que será melhor? Ter um Mercedes a pagar 361 euros por mês durante dez anos ou um Renault a pagar 345 euros por menos de metade do tempo? A prestação pode não diferir muito, mas o tempo de pagamento e o montante final divergem largamente no que toca a comprar um carro novo ou usado.

Frederico Moura Martins

Sobre Frederico Moura Martins

Formado em Ciências da Comunicação e especializado em Ciência Política, o Frederico iniciou o seu percurso profissional em jornalismo e, posteriormente, em produção de conteúdos digitais. Procura aplicar a sua paixão por contar histórias na desmistificação da complexidade dos produtos e serviços financeiros para ajudar os portugueses a poupar e a tomar decisões informadas e conscientes nos diferentes âmbitos das suas Finanças Pessoais.

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