Agosto trouxe uma boa notícia para trabalhadores e pensionistas: os rendimentos líquidos aumentaram graças à aplicação das novas tabelas de IRS. O efeito é imediato e visível, já que muitos portugueses receberam ou receberão até ao final da semana de agosto um valor acima do habitual — e o mesmo acontecerá em setembro.
Na prática, este aumento resulta da redução da retenção na fonte, ou seja, da parte do salário ou da pensão que é entregue ao Estado todos os meses como adiantamento do imposto devido.
Trabalhadores com salários até 1.136 euros ficam temporariamente dispensados de retenção.
Pensionistas com rendimentos até 1.116 euros também não terão descontos nestes dois meses.
Porque é que receber agora pode ser melhor do que esperar pelo reembolso?
É importante perceber que este alívio mensal não é “dinheiro extra” oferecido pelo Estado, mas sim uma antecipação de valores que, noutros anos, só seriam devolvidos em forma de reembolso.
Do ponto de vista da literacia financeira, este modelo pode até ser mais vantajoso:
O dinheiro tem mais valor hoje do que amanhã. Com a inflação e a perda de poder de compra ao longo do tempo, usar o rendimento adicional agora pode significar mais benefícios do que esperar um ano pelo reembolso.
Mais flexibilidade financeira. Ter um rendimento líquido maior permite às famílias reorganizar despesas, reforçar a poupança ou amortizar créditos, reduzindo juros futuros.
Maior autonomia de gestão. Em vez de depender de um “cheque” anual, cada contribuinte pode decidir mês a mês como aplicar o valor disponível.
O que muda em outubro?
A partir de outubro, as novas tabelas de IRS entram em vigor em definitivo. Os descontos regressam, mas serão mais baixos do que no início do ano, o que significa que trabalhadores e pensionistas continuarão a sentir algum alívio no rendimento mensal.
É verdade que, em 2026, os reembolsos médios de IRS poderão ser mais reduzidos. Porém, em termos práticos, a grande diferença está no timing: em vez de esperar pela devolução, o contribuinte passa a dispor logo de mais rendimento líquido, com liberdade para utilizá-lo de forma imediata e estratégica.
Uma questão de planeamento financeiro
Especialistas em finanças pessoais lembram que pode ser necessário pensar nisto como uma mudança de paradigma: menos retenção na fonte significa que o Estado fica com menos dinheiro parado (e emprestado a custo 0) até ao acerto final do IRS.
Cabe agora aos contribuintes aproveitarem esta folga mensal para:
criar uma reserva de emergência,
reforçar a poupança para objetivos futuros,
ou até aplicar em investimentos simples que possam proteger contra a inflação.
Em resumo: os salários e pensões de agosto e setembro estão mais altos, e esse acréscimo deve ser visto como uma oportunidade de reforçar a estabilidade financeira das famílias. Afinal, ter dinheiro disponível hoje pode ser mais útil — e rentável — do que esperar pelo reembolso de amanhã.