De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal, em fevereiro de 2025, o número de novos contratos de cartões de crédito, linhas de crédito, contas correntes bancárias e facilidades de descoberto aumentou 1,8% em relação a janeiro de 2025, totalizando 74.905 contratos. No entanto, comparando com o mesmo mês do ano anterior (fevereiro de 2024), registou-se uma diminuição de 5,1% no número de contratos.
Em termos de montante contratado, observou-se um aumento de 1,2% face a janeiro de 2025, atingindo aproximadamente 115,5 milhões de euros. Comparando com fevereiro de 2024, houve uma redução de 3,4% no montante contratado.
Estes dados indicam uma ligeira recuperação mensal no crédito revolving (como cartões de crédito e facilidades de descoberto), embora ainda abaixo dos níveis observados no ano anterior.
Em que consiste o pagamento mínimo?
É possível reembolsar o pagamento de compras/serviços com o cartão de crédito na totalidade (método através do qual o montante gasto com o cartão é retirado da conta à ordem do cliente ao fim de um prazo pré-definido, que normalmente pode ir de 20 a 50 dias) ou em prestações.
Dentro do reembolso em prestações, enquadra-se a modalidade do pagamento mínimo, que consiste em, todos os meses, pagar só uma percentagem do valor que se gastou, por exemplo, 3% ou 5%, até liquidar a dívida na totalidade. Contudo, nota-se que esta percentagem pode ser mais elevada: 25%, 50%, 75% e por aí adiante consoante o que o cliente acordar com o banco.
A grande diferença do pagamento mínimo para o pagamento na totalidade reside no facto de nesta última opção o consumidor não pagar juros (acabando por ser um empréstimo sem juros).
Quais são as vantagens e desvantagens?
O método de reembolso do cartão de crédito por via do pagamento mínimo torna-se muito cómodo para o cliente, porque acaba por lhe permitir fazer uma compra de um valor mais avultado e reembolsar em pequenas tranches.
Todavia, nem tudo são benefícios. Ao selecionar fazer o reembolso da dívida desta forma, o consumidor terá mais custos, uma vez que terá de pagar juros pela compra efetuada (contrariamente ao que acontece com o pagamento na totalidade).
Exemplo prático: pagamento mínimo na vida real
A Mafalda precisava de um novo computador. Estava a terminar a tese de Mestrado em Estatística e também se dedicava à Fotografia. O computador antigo já não aguentava os programas que usava e estava a atrasar o seu trabalho.
Como não tinha os 1.300 euros disponíveis na conta à ordem, usou o cartão de crédito para fazer a compra. Para facilitar a gestão do seu orçamento, escolheu a opção de pagamento mínimo mensal, ou seja, ir pagando o valor em pequenas prestações.
Segundo o Banco de Portugal, a taxa máxima de juro dos cartões de crédito era de 15,7% naquele trimestre. Vamos ver o que isso significa para a Mafalda.
Se pagasse apenas 5% por mês, demoraria 57 meses (quase 5 anos) a liquidar a dívida e pagaria 296,40 euros em juros.
Ou seja, em vez dos 1300 euros, acabaria por pagar um total de cerca de 1596 euros.
No entanto, se aumentasse o pagamento mínimo para 25%, terminaria de pagar muito mais cedo e os juros seriam apenas 49,92 euros — uma poupança de quase 250 euros!
Apesar de o valor mensal a pagar ser mais alto, o custo total do crédito ficaria muito mais baixo.
Conclusão: quanto maior a percentagem de pagamento mensal, menos juros pagas e mais rapidamente acabas com a dívida. É sempre importante olhar para o valor total a pagar, e não só para a prestação mensal.
Em resumo
É possível notar, assim, que os custos de fazer compras com o cartão de crédito têm muito que ver com:
O montante pago;
A percentagem de pagamento selecionada;
E também com o prazo escolhido.
Se o cliente tiver mesmo de optar por parcelar o reembolso, há que salientar que quanto maior for a percentagem escolhida, menos juros se terá e menos meses serão necessários para terminar de liquidar.