Se está endividado e já ponderou pedir crédito para pagar dívidas, provavelmente a situação já se encontra problemática. Não arrisque – endividar-se mais não irá solucionar o seu problema. Vai apenas adiá-lo e, quem sabe, agravá-lo no futuro. Procure ajuda para regularizar a sua situação financeira e informe-se sobre que outras soluções podem existir. Neste artigo apresentamos-lhe cinco alternativas que poderão ajudar no reequilíbrio das suas finanças sem necessitar de recorrer a um novo pedido de empréstimo.
Há mais para além do crédito para pagar dívidas
Se se encontra em incumprimento no pagamento de um empréstimo ou está perto de lá chegar, certamente que já começou à procura de soluções. Imediatamente pensou em pedir um crédito rápido para pagar as prestações que estão em atraso (ou prestes a ficar)? Acredite, essa pode não ser a melhor hipótese, podendo traduzir-se numa dívida ainda maior, trazendo-lhe mais problemas financeiros e podendo levar a uma situação insustentável.
Antes de pedir um novo crédito para pagar dívidas que já tenha, faça primeiro uma avaliação do seu orçamento mensal. Será que não existem despesas em que pode poupar? Não há forma de gerir melhor os seus gastos mensais para não aumentar o endividamento?
Se após esta análise chegar à conclusão de que não tem mesmo margem para cortar em mais despesas, comece a investigar alternativas ao crédito para pagar dívidas.
Pode procurar renegociar as condições dos seus empréstimos junto do banco. Enquanto cliente bancário tem direito à proteção em situações de incumprimento por parte da instituição financeira.
Outra solução passa por consolidar todos os créditos num só de forma a diminuir as prestações mensais e alargar os prazos de pagamento, reduzindo os seus encargos.
Caso tenha um crédito à habitação ao qual não está a conseguir fazer face, pode ainda solicitar uma transferência no sentido de conseguir uma redução da prestação mensal.
Face a uma situação em que o nível de incumprimento já esteja muito grave, pode recorrer ao PERSI (Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento) – um acordo feito com a instituição financeira para a regularização de dívidas. Pode ainda pedir ajuda à RACE (Rede de Apoio ao Cliente Endividado) do Banco de Portugal.
É muito importante que averigue todas as possibilidades antes de pedir crédito pessoal para pagar dívidas. No decorrer deste artigo iremos aprofundar cada uma destas opções para que tome conhecimento de todas as alternativas que tem ao dispor e ajudá-lo a tomar a melhor decisão.
5 Alternativas ao crédito para pagar dívidas:
#1 – Avaliação do orçamento mensal
O primeiro passo que deve dar quando se vê numa situação financeiramente mais instável é rever o seu orçamento familiar. Anote todos os gastos (fixos e variáveis) que tem por mês e analise quais os que pode dispensar de forma a que consiga reservar mais dinheiro para o pagamento das suas prestações.
Certamente que tem algumas despesas que não são imperativas e que pode deixar de lado durante uns tempos para ter dinheiro disponível para ajudar no pagamento de dívidas. Lembre-se que a organização é chave do sucesso.
#2 – Renegociação de crédito com o banco
Já analisou todos os seus gastos mensais e mesmo assim, com os ajustes que efetuou, não consegue cobrir as prestações? Ainda está a ponderar pedir crédito para pagar dívidas? Saiba que pode tentar renegociar o seu contrato de crédito junto do banco. As instituições financeiras oferecem proteção mediante situações de incumprimento, uma vez que não é do interesse das mesmas que deixe de pagar as suas mensalidades.
Para renegociar o crédito analise cuidadosamente a sua taxa de esforço, pois esta será o seu maior trunfo durante as negociações.
Uma vez que o valor ideal desta taxa se situa entre 30% a 45%, se estiver perante uma situação em que as suas despesas fixas obrigatórias – tais como, por exemplo, a renda da casa – ultrapassam esta percentagem, pode estar a correr risco de entrar em incumprimento.
Face a isto, o banco ajudá-lo-á na revisão das condições do seu empréstimo, propondo-lhe uma solução mais ajustada à sua realidade, para que não pressione demasiado a sua taxa de esforço e consiga manter o pagamento atempado das mensalidades.
#3 – Consolidação de créditos
Outra alternativa a pedir crédito para pagar dívidas passa pela consolidação de todos os empréstimos num só. Esta solução permite que diversos empréstimos contraídos em diferentes bancos sejam aglomerados numa só instituição financeira, traduzindo-se numa só mensalidade por mês e numa redução substancial das prestações.
Esta hipótese permite-lhe uma diminuição considerável da taxa de juro, permitindo que possa ver a sua mensalidade reduzida até 60% e, desta forma, proporcionar-lhe um prazo mais alargado para o pagamento do empréstimo, contribuindo para um desafogo nas suas finanças pessoais.
#4 – Transferência de crédito habitação
Se tem um crédito à habitação ao qual não está a conseguir fazer face, a solução poderá passar por transferi-lo.
Através da transferência do crédito para outro banco poderá encontrar condições mais favoráveis e que se traduzirão na redução das prestações.
No entanto, antes de tomar esta decisão, é importante que atente à sua situação financeira atual, às taxas de juro praticadas por cada banco, ao spread e aos produtos e serviços associados, no sentido de averiguar se efetivamente a transferência irá compensar.
Tenha em consideração os custos de transferir um crédito à habitação. Para além da amortização antecipada, poderão existir outras despesas e comissões ao transferir o crédito para uma nova instituição, tais como comissão de abertura, comissão de avaliação, custos de solicitadoria, com escrituras e registos e emolumentos notariais.
Porém, estes gastos podem ser reduzidos ou mesmo suportados pelo banco para o qual vai mudar. Há alturas em que as instituições financeiras fazem campanhas em que financiam todas as despesas associadas à transferência do crédito. É uma questão de ficar atento.
Deve ainda olhar atentamente ao custo dos produtos contratados, caso o faça no sentido de conseguir uma bonificação no spread. Se o custo desses produtos (por exemplo, com a anuidade de um cartão de crédito) for elevado, pode não compensar a bonificação que o banco oferece.
#5 – Apoio ao endividado
Mesmo numa situação mais problemática em que já se encontra em incumprimento, pedir crédito para pagar dívidas não é a melhor ideia.
Pode recorrer ao PERSI (Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento) através do seu banco, que consiste num processo de reestruturação de crédito no qual o banco apresenta uma ou várias propostas de renegociação ao cliente, de forma a que juntos cheguem a uma solução mais vantajosa.
Há também a possibilidade de pedir ajuda à RACE (Rede de Apoio ao Cliente Endividado) do Banco de Portugal, que atua no sentido de informar, aconselhar e acompanhar clientes bancários que estejam em risco de incumprimento ou que já estejam efetivamente endividados.
Mais vale prevenir do que remediar
A melhor forma de manter a sua saúde financeira é mesmo prevenir que o endividamento aconteça. Manter as suas despesas mensais orçamentadas é o primeiro passo para tenha tudo controlado e não necessite de recorrer a nenhuma destas soluções.
No entanto, caso algum imprevisto aconteça, tenha em mente que existem sempre hipóteses às quais pode (e deve) recorrer antes de pensar em solicitar crédito pessoal para pagar dívidas. Contrair mais empréstimos nunca será um bom princípio para solucionar este tipo de problemas.