Análise de crédito: o que influencia os bancos a emprestar?

Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Na hora de pedir um financiamento, os bancos fazem uma análise de crédito ao cliente. Sabe quais os fatores que influenciam esta tomada de decisão.

Análise de crédito

Quando pedes um financiamento (como um crédito pessoal, automóvel ou crédito habitação), o banco não te entrega logo o dinheiro. Primeiro, faz uma análise de crédito ao teu perfil financeiro.

Basicamente, a instituição quer saber: “Será que esta pessoa vai mesmo conseguir pagar o que está a pedir?”

Afinal, o que é o risco de crédito?

O risco de crédito é o risco associado ao incumprimento do pagamento do empréstimo por parte do cliente. É por este motivo que é tão importante para as entidades bancárias realizarem uma análise de solvabilidade: para perceberem se é viável concedê-lo ou não.

Antes de fazer um pedido de financiamento, deves realizar uma introspeção. É uma espécie de check-up às tuas finanças: rendimentos, dívidas atuais, historial de crédito, e muito mais.

Devo preparar-me antes de pedir crédito?

Sim! Antes de avançares, é boa ideia fazeres um check às tuas finanças:

Se já tens vários créditos, talvez seja altura de pensar num crédito consolidado: juntas tudo num só, ficas com apenas uma prestação mensal (normalmente mais baixa) e consegues equilibrar melhor o orçamento.

Os 6 fatores que os bancos avaliam na análise de crédito

Existem, então, seis fatores que os bancos têm em consideração para realizar a análise de crédito. Fica a conhecê-los para perceber se tens maior ou menor probabilidade de ver o teu pedido aprovado.

1) Carácter do cliente

Traduz-se no teu comportamento financeiro passado. Os bancos vão espreitar o teu Mapa de Responsabilidades de Crédito, disponível na Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) do Banco de Portugal.

Aqui vêem:

  • Que créditos tens ou já tiveste.

  • Se tiveste atrasos ou incumprimentos.

  • O teu total em dívida.

No caso de estares em incumprimento, pode mesmo constar da Lista Negra do Banco de Portugal. Antes de pedires um empréstimo, avalia como está a tua situação financeira e como é o teu comportamento no mercado de crédito.

2) Taxa de esforço

Outro fator que os bancos consideram na sua análise de crédito é a capacidade de pagamento do cliente, ou seja, aquilo a que se chama a tua “taxa de esforço”.

É a percentagem do teu rendimento que já está comprometida com prestações de crédito. Em 2025, o Banco de Portugal mantém a recomendação de que esta não deve ultrapassar os 50%. Mas quanto mais baixa estiver, melhor.

Deste modo, quantos mais empréstimos tiveres e maior for o montante em dívida, mais elevada será a tua taxa de esforço e, consequentemente, mais difícil será para ti contrair um novo empréstimo e cumprir com o pagamento.

3) Património do cliente

O terceiro fator considerado na análise de crédito reside no património do consumidor. Os bancos avaliam o que tens: rendimento mensal, outros bens (como imóveis ou aplicações financeiras), ou mesmo rendimentos extra.

Se tiveres um património sólido, é um sinal de que tens margem de manobra financeira. Deste modo, o banco consegue perceber se o consumidor tem algo que possa ser utilizado como eventual garantia hipotecária (sendo esta última o fator seguinte).

4) Garantias hipotecárias

No seguimento do fator anterior, as entidades financeiras também procuram eventuais garantias bancárias para a sua análise de crédito.

Sobretudo em créditos de maior valor (como habitação), os bancos pedem garantias adicionais:

  • O imóvel que vais comprar.

  • Um veículo.

  • Um fiador.

Estas garantias funcionam como “plano B” caso não consigas pagar.

5) Capacidade de gestão

Para a análise de crédito é ainda considerada a capacidade de adaptação do consumidor de um ponto de vista financeiro. Não basta ter um bom salário. O banco vai querer saber se tens estabilidade e capacidade de lidar com imprevistos.

Por exemplo:

  • Tens contrato sem termo?

  • Há quanto tempo estás na mesma empresa?

  • Tens um fundo de emergência?

  • Já tiveste situações de desemprego ou quebras de rendimento?

Deste modo, é importante que possuas a flexibilidade e a agilidade financeira necessárias para ajustar os teus rendimentos a estas alterações não programadas e demonstrar que deténs mecanismos de defesa.

6) Importância da relação com o banco na análise de crédito

Por fim, os bancos também têm em consideração a relação que possuem com os clientes. Já és cliente do banco? Tens lá o ordenado domiciliado? Usas o cartão de crédito deles?

Uma boa relação prévia com o banco pode jogar a teu favor. Mas atenção: não chega por si só: Se tiveres um histórico de crédito fraco, esta ligação não vai ajudar muito.

A análise de crédito é o momento-chave que define se vais conseguir o financiamento que queres. Saber como funciona e como te podes preparar pode fazer toda a diferença.
Antes de pedires um crédito, avalia a tua situação e, se precisares, compara ofertas no mercado — quanto mais bem informado estiveres, melhores decisões vais tomar.


Susana Pedro
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