Quando pedes um financiamento (como um crédito pessoal, automóvel ou crédito habitação), o banco não te entrega logo o dinheiro. Primeiro, faz uma análise de crédito ao teu perfil financeiro.
Basicamente, a instituição quer saber: “Será que esta pessoa vai mesmo conseguir pagar o que está a pedir?”
Afinal, o que é o risco de crédito?
O risco de crédito é o risco associado ao incumprimento do pagamento do empréstimo por parte do cliente. É por este motivo que é tão importante para as entidades bancárias realizarem uma análise de solvabilidade: para perceberem se é viável concedê-lo ou não.
Antes de fazer um pedido de financiamento, deves realizar uma introspeção. É uma espécie de check-up às tuas finanças: rendimentos, dívidas atuais, historial de crédito, e muito mais.
Devo preparar-me antes de pedir crédito?
Sim! Antes de avançares, é boa ideia fazeres um check às tuas finanças:
Tens rendimentos estáveis?
Tens créditos a decorrer?
A tua taxa de esforço está controlada?
Tens atrasos ou incumprimentos?
Se já tens vários créditos, talvez seja altura de pensar num crédito consolidado: juntas tudo num só, ficas com apenas uma prestação mensal (normalmente mais baixa) e consegues equilibrar melhor o orçamento.
Os 6 fatores que os bancos avaliam na análise de crédito
Existem, então, seis fatores que os bancos têm em consideração para realizar a análise de crédito. Fica a conhecê-los para perceber se tens maior ou menor probabilidade de ver o teu pedido aprovado.
1) Carácter do cliente
Traduz-se no teu comportamento financeiro passado. Os bancos vão espreitar o teu Mapa de Responsabilidades de Crédito, disponível na Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) do Banco de Portugal.
Aqui vêem:
Que créditos tens ou já tiveste.
Se tiveste atrasos ou incumprimentos.
O teu total em dívida.
No caso de estares em incumprimento, pode mesmo constar da Lista Negra do Banco de Portugal. Antes de pedires um empréstimo, avalia como está a tua situação financeira e como é o teu comportamento no mercado de crédito.
2) Taxa de esforço
Outro fator que os bancos consideram na sua análise de crédito é a capacidade de pagamento do cliente, ou seja, aquilo a que se chama a tua “taxa de esforço”.
É a percentagem do teu rendimento que já está comprometida com prestações de crédito. Em 2025, o Banco de Portugal mantém a recomendação de que esta não deve ultrapassar os 50%. Mas quanto mais baixa estiver, melhor.
Deste modo, quantos mais empréstimos tiveres e maior for o montante em dívida, mais elevada será a tua taxa de esforço e, consequentemente, mais difícil será para ti contrair um novo empréstimo e cumprir com o pagamento.
3) Património do cliente
O terceiro fator considerado na análise de crédito reside no património do consumidor. Os bancos avaliam o que tens: rendimento mensal, outros bens (como imóveis ou aplicações financeiras), ou mesmo rendimentos extra.
Se tiveres um património sólido, é um sinal de que tens margem de manobra financeira. Deste modo, o banco consegue perceber se o consumidor tem algo que possa ser utilizado como eventual garantia hipotecária (sendo esta última o fator seguinte).
4) Garantias hipotecárias
No seguimento do fator anterior, as entidades financeiras também procuram eventuais garantias bancárias para a sua análise de crédito.
Sobretudo em créditos de maior valor (como habitação), os bancos pedem garantias adicionais:
O imóvel que vais comprar.
Um veículo.
Um fiador.
Estas garantias funcionam como “plano B” caso não consigas pagar.
5) Capacidade de gestão
Para a análise de crédito é ainda considerada a capacidade de adaptação do consumidor de um ponto de vista financeiro. Não basta ter um bom salário. O banco vai querer saber se tens estabilidade e capacidade de lidar com imprevistos.
Por exemplo:
Tens contrato sem termo?
Há quanto tempo estás na mesma empresa?
Tens um fundo de emergência?
Já tiveste situações de desemprego ou quebras de rendimento?
Deste modo, é importante que possuas a flexibilidade e a agilidade financeira necessárias para ajustar os teus rendimentos a estas alterações não programadas e demonstrar que deténs mecanismos de defesa.
6) Importância da relação com o banco na análise de crédito
Por fim, os bancos também têm em consideração a relação que possuem com os clientes. Já és cliente do banco? Tens lá o ordenado domiciliado? Usas o cartão de crédito deles?
Uma boa relação prévia com o banco pode jogar a teu favor. Mas atenção: não chega por si só: Se tiveres um histórico de crédito fraco, esta ligação não vai ajudar muito.
A análise de crédito é o momento-chave que define se vais conseguir o financiamento que queres. Saber como funciona e como te podes preparar pode fazer toda a diferença.
Antes de pedires um crédito, avalia a tua situação e, se precisares, compara ofertas no mercado — quanto mais bem informado estiveres, melhores decisões vais tomar.