Após o incêndio ocorrido no Festival Andanças, a questão dos seguros que cobrem incêndios (seguro contra todos os riscos) ficou na ordem do dia. Em Portugal, quando se compra um carro, é obrigatório ter um seguro automóvel de responsabilidade civil para o mesmo.
Imagine que vai comprar um carro. Primeiro, escolhe se pretende novo ou usado. Depois, define um orçamento e, a partir daí, compara os diversos automóveis existentes no mercado. O passo seguinte é a compra: por norma, recorre-se a um crédito automóvel para a aquisição e, por fim, analisam-se as opções das seguradoras para subscrever o seguro.
Se circular na estrada sem seguro de responsabilidade civil, está a incorrer numa contra-ordenação grave que origina uma coima entre 500 euros e 2.500 euros, podendo ficar com a viatura apreendida. No entanto, existe ainda um outro tipo de cobertura que é opcional e que estende as habituais garantias: é o caso do seguro contra todos os riscos. Para que perceba se vale a pena ter um destes e se conseguirá poupar mais na escolha de um, basta continuar a ler.
O que significa ao certo “seguro contra todos os riscos”?
Também designado por “seguro de danos próprios”, permite que se escolham coberturas adicionais às do seguro obrigatório e que normalmente não vêm incluídas neste. É mais caro? Sim, é. Mas para os mais cuidadosos e picuinhas com as suas maravilhosas viaturas, é (muito provavelmente) a melhor opção, tendo em conta que o carro fica muito mais seguro (a menos que o Mundo acabe… aí não há nada a fazer!).
Pelo contrário, o seguro de responsabilidade civil (o mais comum e que todos geralmente temos), também chamado de “seguro contra terceiros”, apenas assegura que, em caso de acidente, os danos que sejam realizados a terceiros fiquem cobertos, mas nunca os danos da pessoa que é considerada culpada. Portanto, se este for o seu seguro e se, ao ter um acidente, você for o culpado, a seguradora não cobre os danos causados a si e à sua viatura, mas somente ao outro condutor.
Quais as situações em que se pode arrepender de não ter?
Os seguros automóvel de danos próprios nasceram da necessidade de gerir o risco e de proteger os indivíduos de perdas financeiras e de outras eventualidades, tais como:
1) Catástrofes naturais
Imagine que vive em Lisboa e está em pleno mês de dezembro, frio e chuva a potes. Uma tempestade com mais de vinte e quatro horas faz inundar a baixa pombalina, exatamente onde tinha estacionado o seu carro. Com um seguro de responsabilidade civil, é caso para dizer “Já foste!”.
2) Roubo ou furto
Depois de um longo dia de trabalho na capital e de uma hora no Fertagus, eis que o Joel chega à estação de Palmela, dirige-se ao estacionamento e pensa “Dude, Where’s My Car?”. Pois, tinha sido furtado, algo que uma proteção normal de responsabilidade civil não abrange.
3) Danos próprios
Se tiver um seguro de responsabilidade civil, cobre os danos que causar a terceiros na eventualidade de um acidente. Mas se, por exemplo, fizer uma pequena asneira como a do Pedro, que ao estacionar na baixa do Porto, numa subida íngreme, se descuidou com o ponto de embraiagem e bateu com a traseira do carro num poste, fazendo duas mossas no porta-bagagem, então só a garantia contra todos os riscos cobre esta situação (pois trata-se de um dano próprio).
4) Incêndio
É um dos lesados dos 422 carros que arderam no Festival Andanças? Mesmo que não, imagine-se perante este cenário. Uma viatura incendiada é uma viatura perdida. É aqui que a expressão “pega fogo à máquina” deixa de ter piada e que um seguro de danos próprios pode dar muito jeito.
5) Vandalismo
Imagine que lhe acontece o mesmo que o José, que ao estacionar o seu belo carro, por apenas alguns minutos, num beco de um bairro problemático, recebe um presente quando chega ao mesmo: um graffiti no lado esquerdo do mesmo, que até lhe impede a visibilidade. Pior do que estragado, acionou logo o seu seguro contra todos os riscos.
6) Quebra isolada de vidros
Em caso de, por exemplo, o vidro do para-brisas se quebrar ou estalar, com esta proteção a reparação do mesmo é feita a custo zero para o segurado.
7) Assistência em viagem alargada
Contrariamente às coberturas normais, inclui uma série de serviços adicionais, tais como reboque, uma fonte de informações úteis (se quiser saber, por exemplo, quais são as farmácias que estão de serviço num determinado dia) e aconselhamento médico permanente.
Para além das situações mencionadas, os seguros de danos próprios podem ainda, mediante contratação adicional, incluir outras proteções mais específicas, tais como: proteção do animal de estimação; a concessão de um veículo de substituição; assistências extra para aquelas situações em que nos enganamos no combustível ou perdemos as chaves; entre outras. É uma questão de se informar junto das seguradoras e comparar.
Precisa de ser rico para ter esta proteção?
Para que possa ter uma noção de quanto lhe poderá custar um seguro de danos próprios, fizemos uma simulação na Seguro Directo, com base nos seguintes pressupostos: a viatura em questão data de novembro de 2015 (portanto, é relativamente recente), sendo um Audi A3 S Line a diesel, o condutor tem 30 anos e faz entre 10 mil a 20 mil quilómetros por ano, não tendo garagem em casa.
Incluindo responsabilidade civil obrigatória no valor de 6 milhões de euros, quebra isolada de vidros, assistência em viagem standard, cobertura do condutor até 25 mil euros, proteção jurídica, e ainda três proteções com franquias de 2%, como são os casos de furto ou roubo, incêndio, raio ou explosão e choque, colisão ou capotamento, este seguro de danos próprios possui um prémio anual de 638,77 euros.
Importa ainda salientar que os prémios dependem também das franquias das seguradoras, que podem variar bastante, o que significa que um só seguro nunca cobre todos os riscos possíveis e imaginários sem quaisquer custos para o segurado.
A franquia diz respeito ao valor do prejuízo que fica a cargo do cliente. Na prática, na simulação efetuada, se houver um incêndio que destrua a viatura, 2% do valor dos danos é suportado pelo tomador do seguro contra todos os riscos.
Seguro contra todos os riscos: como tomar a decisão?
Um seguro automóvel, especialmente se for contra todos os riscos, é um investimento e, como tal, precisa de ser bem pensado e comparado.
Existem diversos fatores que devem ser equacionados nesta escolha, para além do valor do prémio, e que têm que ver com o tipo de coberturas que mais se adequam a cada perfil de condutor. Se viver num bairro problemático, certamente dará mais valor a um produto que abranja vandalismo e furto ou roubo. Em zonas propícias a incêndios, este também pode ser um aspeto a ter em consideração.
O seguro de responsabilidade civil é o mais utilizado pelos portugueses, uma vez que também é o mais acessível financeiramente, e, na realidade, para um carro que já seja antigo não compensa fazer um seguro de danos próprios. Portanto, a decisão prende-se igualmente com as características da viatura.
Por vezes, existem também campanhas promocionais nas seguradoras, sendo que os preços até costumam variar de mês para mês e, nesse caso, é preciso estar atento, bem como tentar sempre negociar para o favorecerem no valor do prémio. Deve fazer uma análise de mercado, de forma prévia, e ver que seguradoras oferecem este tipo de produto. Por exemplo, a VICTORIA Seguros, a Fidelidade Seguro Automóvel, o Seguro Automóvel Continente, a Tranquilidade ou o Seguro Automóvel LOGO, podem oferecer esta protecção.
É possível fazer-se à estrada em segurança com o máximo de poupança!