Taxa fixa ou variável: como escolher?

João Melo Especialista: João Melo
Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Taxa fixa ou variável? Esta questão é colocada a todos os que contratam um crédito habitação. Descobre, neste artigo, como escolher.

Para contratar um crédito habitação, deves decidir se preferes uma taxa fixa ou variável. A escolha vai determinar quanto pagas por mês e como o orçamento familiar é afetado pelos acontecimentos à tua volta.

Afinal, qual compensa mais? Descobre as características, vantagens e desvantagens de cada opção, e como escolher.

O que é taxa fixa?

A taxa fixa é o valor de juros que vais pagar quando contrais um empréstimo e mantém-se inalterável até ao final do contrato. Isto significa que o valor que vais pagar ao banco (composto pela amortização do capital e os juros), também se mantém inalterável.

Como fazem os bancos para determinar o valor da taxa fixa a cobrar ao cliente?

A entidade bancária considera a taxa de juros fixa que irás pagar para obter o capital que vai emprestar, tendo em conta o valor praticado no mercado interbancário. Este valor considera os grandes acontecimentos macroeconómicos, como a guerra na Ucrânia e a pandemia.

Além disso, são também tidos em conta alguns fatores como o risco de crédito ao cliente, as garantias fornecidas (como hipoteca ou fiança) e, no caso do crédito habitação, o loan-to-value, que designa a relação entre o valor do empréstimo e o valor do imóvel.

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O que é taxa variável?

Como o próprio nome indica, a taxa variável sofre alterações ao longo do empréstimo. O valor dos juros está condicionado à taxa Euribor. Dito de outro modo, quando a Euribor sobe, a tua prestação também sobe. Se descer, pagarás menos por mês. Neste modelo, é muito difícil (se não impossível) saber ao certo quanto vais pagar ao certo até à maturidade.

A taxa Euribor é calculada diariamente pela Federação Europeia de Bancos com base nos juros praticados pelos principais bancos pertencentes à zona Euro. É, portanto, a referência para o cálculo dos juros para crédito habitação e outros produtos financeiros.

Assim, uma taxa variável recalcula os juros que vais pagar em determinados prazos: uma semana, um mês, três meses, seis meses e doze meses. Isto significa que também nestes períodos, o que pagas ao banco é revisto, podendo aumentar ou diminuir. Em Portugal, a grande maioria dos empréstimos tem uma taxa de juro variável.

Quais são as vantagens e desvantagens da taxa fixa?

  • Principal vantagem: maior estabilidade; o valor a pagar ao banco é sempre o mesmo.

  • Principal desvantagem: é uma taxa mais alta do que a variável nas mesmas condições.

A estabilidade proporcionada pela taxa de juro fixa é a principal vantagem. Mesmo que a Euribor suba, a tua prestação ao banco mantém-se igual.

Contudo, esta segurança tem um preço. Normalmente, a prestação de um empréstimo com uma taxa de juro fixa é mais elevada do que se optares pela variável, para as mesmas condições de mercado. O cliente paga um preço mais alto pela segurança de não vires a ter a tua prestação aumentada.

Existem, todavia, casos em que a taxa fixa pode não ser assim tão vantajosa. Por exemplo, um casal sem filhos pode ter maior poder financeiro na fase inicial do empréstimo, e precisar de uma maior contenção de custos quando tiver crianças.

Neste caso, o facto de pagares sempre o mesmo valor ao banco pode não ser conveniente, se prevês que as tuas despesas possam vir a sofrer alterações significativas. Por outro lado, uma prestação que agora é pesada pode ter menor impacto quando evoluíres na carreira e na remuneração.

Sabe ainda:

Quais são as vantagens e desvantagens da taxa variável?

  • Principal vantagem: é uma taxa mais baixa que a fixa.

  • Principal desvantagem: vais pagar prestações diferentes a cada 3, 6 e 12 meses, conforme o prazo que escolheres e conforme a oscilação da Euribor.

A grande vantagem da taxa variável é que podes beneficiar dos momentos em que a Euribor está em baixa, como tem acontecido nos últimos anos.

Contudo, as oscilações da Euribor são imprevisíveis; pode, durante algum tempo, estar e permanecer baixa (até negativa como aconteceu durante vários anos), mas também pode, a qualquer momento, subir, fruto das oscilações sociais, inflação e acontecimentos mundiais significativos. Se contraíste um crédito recentemente, terás sentido no bolso que a tua prestação subiu, nos últimos meses.

É exatamente esta a tendências que se prevê para os próximos meses. Por isso, é especialmente importante estares atento às tendências para, se necessário, reajustares o orçamento familiar ou renegociar o crédito.

Existe uma terceira opção?

Sim, existe uma terceira taxa, designada por taxa mista. Ao contrair um empréstimo, podes optar por uma taxa fixa durante os primeiros cinco anos, por exemplo, e aplicar a taxa variável durante o restante prazo.

Assim, num primeiro período, a tua prestação mensal não vai oscilar mas, a partir do momento em que se passa a reger pela Euribor, o valor pode variar. Em suma, a taxa mista combina a fixa com a variável; não é uma, nem é outra, mas ambas, em momentos diferentes do empréstimo.

Esta solução de meio termo pode ter vantagens e desvantagens, dependendo da altura em que o empréstimo for feito. Poderá ajudar na previsibilidade do pagamento e na estabilidade do orçamento familiar nos primeiros anos do contrato; pagando sempre o mesmo valor, poderás criar uma folga orçamental.

Este cenário pode constituir uma vantagem, por exemplo, no caso atrás referido, quando um casal tem mais folga financeira antes de ter filhos. Contudo, pode revelar-se desvantajoso quando o valor parece inicialmente convidativo, mas deixa de o ser quando a modalidade da taxa muda. Nesta altura, não é possível prever como estará a Euribor e, como consequência, quanto vais pagar.

Qual devo escolher?

Esta é uma pergunta para a qual não há resposta definitiva e universal. Não é possível antecipar qual a opção mais económica. O importante é estares devidamente esclarecido sobre todo o processo, para poderes tomar decisões informadas e conscientes.

Analisa, compara e pondera bem todas as condições oferecidas pelas entidades de crédito. A decisão tem que ser feita caso a caso.

Contudo, deves considerar alguns critérios decisivos, como a estabilidade da tua profissão e dos teus rendimentos, o potencial de progressão na carreira, o valor e o prazo do empréstimo. Uma outra grande ajuda são os simuladores de crédito que o ComparaJá disponibiliza.

É uma forma prática, rápida e segura de obteres as informações de que precisas de forma comparativa, entre as diferentes instituições de crédito, para ser fácil analisar, comparar e escolher. Usa o simulador até encontrar valores confortáveis para ti, sem sacrificar a saúde financeira da tua família.

Contratar um crédito é uma das decisões mais importantes que uma família pode tomar. Clareza de informação, a antecipação possível dos vários cenários, planeamento, pesquisa e comparação são essenciais para tomar a decisão acertada.


João Melo
João Melo
Especialista Crédito Habitação