Se tens uma conta bancária, certamente já recebeste em papel ou no teu email um extrato bancário. Mas sabes exatamente o que cada parte deste documento significa? Aprende a ler o teu extrato bancário e descobre se existem erros nas tuas contas.
O que é um extrato bancário?
Um extrato bancário é um documento disponibilizado pelas instituições financeiras que apresenta ao cliente o saldo, os movimentos e outras informações relativas à sua conta bancária.
Existem vários tipos de extrato bancário, nomeadamente:
O extrato bancário que o cliente solicita, quer através do Multibanco, quer através do serviço de homebanking;
O extrato bancário enviado mensalmente pela instituição financeira, em papel ou por email.
O Banco de Portugal regulamentou que os extratos bancários têm de ser disponibilizados pelas instituições mensalmente, excetuando os casos em que não tenham existido movimentos na conta e, se assim for, este documento pode ser disponibilizado anualmente.
O que inclui um extrato bancário?
Num extrato bancário aparecem todas as informações da tua conta bancária, assim como os movimentos e saldos da tua conta à ordem, de eventuais contas poupança e até de empréstimos que tenhas contratado com uma instituição financeira.
Assim, o extrato bancário que te é enviado mensalmente pela entidade financeira deve apresentar, no mínimo, as seguintes informações:
Data de início e término do período a que se refere o extrato mensal;
Datas e data-valor dos movimentos;
Descrição de cada operação;
Montante e natureza dos movimentos (crédito ou débito);
Moeda utilizada;
Saldos contabilístico e disponível;
Confirmação da elegibilidade dos depósitos detidos pelo cliente para o Fundo de Garantia de Depósitos através de referência ao Formulário de Informação ao Depositante (FID).
Para além destas informações, nota que é possível que os extratos bancários mensais variem de instituição para instituição, pelo que, caso tenhas alguma dúvida, deverás contactar o teu banco.
No entanto, o extrato que retiras através do Multibanco ou pela Internet é diferente. Quando disponibilizado através do Multibanco, este detém a data e a hora em que solicitaste o documento, bem como as 10 últimas transações que realizaste. Nestas é apresentada a data, a natureza do movimento (se é a débito ou a crédito), o respetivo montante e uma pequena descrição da operação. Por fim, são-te apresentados os saldos.
Caso retires este documento do homebanking, poderás selecionar o espaço temporal desejado ou o número de movimentos que pretendes consultar, assim como a natureza destes. Já a informação disponibilizada é a mesma que é apresentada no Multibanco.
O que ter em atenção ao leres o extrato bancário?
Existem alguns aspetos que deves ter atenção quando lês o teu extrato bancário enviado mensalmente pela instituição financeira.
1. Espaço temporal do documento
A data de emissão e o período abrangido pelo extrato bancário ajudam o cliente a saber, de início, a que mês ou datas correspondem os movimentos que irá consultar.
Imagina que tinhas um débito direto para pagar a mensalidade do ginásio que frequentavas, mas, mesmo após o cancelamento da inscrição no mês anterior, foi-te debitado o valor correspondente a uma mensalidade, como se ainda estivesses a frequentar esse ginásio. Com este documento será mais fácil para o cliente aperceber-se deste tipo de situações irregulares.
2. Data e data-valor
Poderá existir uma diferença entre estas duas. A primeira diz respeito à data em que ocorreu a operação de débito ou de crédito; já a segunda trata-se da data a partir da qual a instituição irá debitar ou creditar o montante em questão na tua conta bancária.
As datas podem diferir, por exemplo, quando uma dada operação é feita no fim de semana ou até mesmo quando efetuas um pagamento numa determinada loja ou serviço que apenas conclui o pagamento dias depois (por exemplo, no caso do pagamento de portagens com cartão).
3. Movimentos
Talvez esta seja a parte mais importante do teu extrato bancário. É aqui que consegues perceber se foste vítima de fraude, por exemplo. Faz uma análise aos movimentos discriminados e, se encontrares algo fora do comum ou uma transação que não te lembras de ter efetuado, fala com o teu banco para esclarecer esta situação.
4. Natureza dos movimentos
Nos movimentos existentes no teu extrato bancário é preciso saber distinguir entre os de crédito (apresentados com a sigla “CRE”) e os de débito (apresentados com a sigla “DEB”).
Por um lado, os movimentos a crédito são entradas de dinheiro na tua conta (por exemplo: o teu ordenado, transferências recebidas ou depósitos de cheques). Quanto aos movimentos a débito, estes correspondem a saídas de dinheiro da tua conta, tais como pagamentos, débitos diretos, comissões e despesas, entre outros.
5. Saldos apresentados
Quando leres o teu extrato bancário verás que a instituição financeira diferencia dois tipos de saldo: o saldo contabilístico e o saldo disponível.
O saldo contabilístico é o resultado dos movimentos a crédito e a débito na tua conta bancária. No entanto, pode ser superior ou inferior ao saldo disponível:
Pode incluir, por exemplo, o valor de um cheque que depositaste, mas que ainda não recebeste o montante na tua conta;
Pode ser negativo se, por exemplo, utilizares o descoberto bancário disponibilizado pela instituição.
Já o saldo disponível corresponde ao valor que tens, efetivamente e naquele momento, na tua conta e que poderás utilizar sem que te sejam cobrados juros ou outros encargos.
Assim, para analisares o teu extrato bancário, deves perceber se a diferença entre ambos (se existir) está correta e, caso o teu saldo contabilístico detenha um valor negativo elevado, deverás analisar junto do teu banco a melhor solução para reequilibrar as tuas finanças pessoais.
6. Posição financeira
A sua posição financeira também te é apresentada no extrato bancário. Esta secção apresenta o total do teu património dividido entre a poupança e o crédito.
Assim, a poupança diz respeito à conta poupança, depósitos a prazo, fundos de investimento, PPR e outros produtos financeiros de poupança e investimento que deténs na instituição financeira.
Os créditos são os empréstimos que contrataste com essa instituição: desde o crédito à habitação ao crédito automóvel até ao cartão de crédito.
Todos estes produtos que tenhas contratado na entidade financeira são apresentados ao pormenor ao longo do extrato bancário. Nos depósitos a prazo deve constar, entre outras informações, informação sobre qual o tipo de depósito, a taxa de juro e o capital investido. Já nos empréstimos deve ser-te apresentada a prestação que pagaste e qual o capital em dívida.
Porque é que o extrato bancário é tão importante?
O extrato bancário é o documento que agrega todos os movimentos que fizeste e todos os produtos financeiros que deténs numa instituição financeira, num determinado período de tempo. Isto ajuda os clientes a gerir as suas finanças pessoais e ajuda a encontrar possíveis fraudes.
Se examinares com atenção este documento mensalmente, verás que ficas a ganhar. Por um lado, consegues descobrir se estás a ser vítima de fraude, pois podes detetar movimentos que não realizaste na tua conta. Por outro, ser-te-á mais fácil encontrar padrões nos teus gastos e perceber onde gastas mais dinheiro (a comprar roupa ou a almoçar muitas vezes fora, por exemplo).
Esta análise deve ser feita com calma e, se fizeres as contas e identificares onde podes poupar, será mais fácil para ti não só pagar o valor que tens em dívida dos teus empréstimos, mas também aumentar as tuas poupanças.