A habitação é um direito fundamental em Portugal e a Lei de Bases da Habitação veio reforçar essa garantia. Publicado no Diário da República em 2019, este diploma trouxe regras claras sobre o dever do Estado em assegurar condições de acesso à habitação, bem como direitos e deveres dos cidadãos.
Com as mudanças no mercado imobiliário e a crescente dificuldade no acesso a casas a preços acessíveis, a lei tem sido alvo de debates, propostas de atualização e discussão pública. Neste artigo explicamos o que está em causa, quais os princípios fundamentais da lei e as novidades para 2025.
Lei de Bases da Habitação em Diário da República
A Lei n.º 83/2019, de 3 de setembro, publicada em Diário da República, estabeleceu pela primeira vez um enquadramento jurídico próprio para a habitação em Portugal.
Nela, estão consagrados:
O direito à habitação como fundamental e universal;
O dever do Estado em promover políticas públicas de acesso à habitação;
A proteção de arrendatários em situações de vulnerabilidade;
O incentivo à reabilitação urbana e ao arrendamento acessível.
Este diploma passou por uma discussão pública alargada, que envolveu cidadãos, autarquias, associações de inquilinos e entidades do setor imobiliário.
Esse debate permitiu incluir preocupações importantes, como:
A necessidade de proteger arrendatários vulneráveis;
A responsabilidade das câmaras municipais no planeamento habitacional;
O reforço do papel do Estado no acesso à habitação digna.
Em 2025, poderão voltar a ser discutidas publicamente novas propostas de alteração, em especial devido ao aumento das rendas e às dificuldades no crédito habitação.
Nova Lei de Bases da Habitação em 2025
Embora o diploma base date de 2019, o tema continua em evolução. Em 2025, têm surgido propostas para rever alguns artigos, sobretudo no que toca a:
Medidas de combate à especulação imobiliária;
Reforço de programas de arrendamento acessível;
Apoios para jovens e famílias na compra ou arrendamento de casa;
Papel mais ativo das autarquias na gestão de habitação social.
Estas possíveis alterações são muitas vezes referidas como “nova lei de bases da habitação”, mas na prática tratam-se de revisões ou complementos à lei de 2019.
Quais os princípios fundamentais da Lei de Bases da Habitação?
A lei não se limita a definir direitos, estabelece também princípios práticos que orientam a política habitacional em Portugal:
Função social da habitação — a casa não deve ser tratada apenas como um bem de mercado, mas sim como um direito essencial para garantir qualidade de vida.
Segurança na ocupação — proteção contra despejos abusivos e regras para garantir estabilidade a inquilinos, sobretudo em arrendamento.
Acessibilidade económica — promover o arrendamento acessível e o controlo de situações de especulação imobiliária.
Reabilitação e sustentabilidade — incentivar a recuperação de edifícios degradados em vez da construção excessiva de novas habitações.
Participação cidadã — garantir que cidadãos e associações são ouvidos na definição de políticas de habitação.
O que significa na prática para mim?
Para quem procura casa, seja para compra ou arrendamento, a Lei de Bases da Habitação traduz-se em:
Maior proteção enquanto inquilino, evitando despejos sem fundamento.
Possibilidade de aceder a programas públicos de apoio à habitação, como o Porta 65 ou arrendamento acessível.
Direito a uma habitação que cumpra requisitos mínimos de segurança, conforto e salubridade.
Incentivos à reabilitação urbana, que podem tornar imóveis degradados em opções habitacionais mais económicas.
A Lei de Bases da Habitação é um marco essencial na política habitacional portuguesa. Em 2025, continua a ser debatida e adaptada às novas necessidades, numa altura em que os preços elevados e a falta de oferta acessível desafiam muitas famílias.
Conhecer os princípios fundamentais desta lei é o primeiro passo para perceberes os teus direitos e poderes usufruir de programas ou apoios que podem fazer a diferença no acesso a uma casa digna.