O rendimento das famílias portuguesas voltou a crescer no início de 2025, mas a um ritmo bastante mais lento face ao ano passado. Com os preços ainda elevados, sobra cada vez menos margem para poupar e o orçamento familiar continua apertado.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento disponível das famílias aumentou apenas 0,5% no primeiro trimestre do ano. No final de 2024, esse crescimento tinha sido de 2% — o maior aumento em mais de vinte anos.
Poupança em queda, mas ainda em níveis altos
A taxa de poupança recuou para 12,4%. Apesar de ainda estar entre os níveis mais elevados desde a pandemia, a tendência é de descida, num contexto em que a inflação continua a pesar nas despesas diárias.
Importa lembrar que o INE inclui no cálculo do rendimento familiar não só salários, mas também apoios sociais e benefícios indiretos, como a comparticipação de medicamentos pelo SNS. Estes fatores têm influência direta no consumo privado, um dos motores da economia nacional.
Consumo desacelera, mas Governo mantém confiança
Mesmo sob pressão, o consumo das famílias continua a crescer, embora ligeiramente abaixo do ritmo do ano passado: passou de 1% para 0,9% no primeiro trimestre de 2025. Em resumo, as famílias continuam a gastar, mas com mais prudência.
Apesar do abrandamento, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, mostra-se otimista:
“Estamos confiantes no crescimento económico e na situação orçamental. A menos que haja um cataclismo, como uma pandemia, Portugal terá um excedente orçamental este ano.”
O primeiro trimestre já registou um saldo positivo de 125 milhões de euros, equivalente a 0,2% do PIB — sinal de que, pelo menos nas contas públicas, o equilíbrio se mantém.