Taxa Anual Efetiva Global: o que é e qual a importância?

Bruno Garcia Especialista: Bruno Garcia
Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Apesar de haver uma tendência generalizada para olhar para o spread na compra de casa, a Taxa Anual Efetiva Global é que dita o custo do empréstimo.

Olhar para além do spread a importância da Taxa Anual Efetiva Global

Quem solicita financiamento para comprar uma casa depara-se não apenas com um processo que é mais demorado do que com os outros tipos de crédito, mas também com uma série de taxas e de comissões para as quais deves olhar para perceber quanto estás realmente a pagar pelo empréstimo. Não obstante haver uma tendência generalizada para olhar para o spread acima de tudo, neste artigo desmistificamos porque é que, na realidade, os consumidores deveriam estar, ao invés, a considerar a Taxa Anual Efetiva Global.

Quais as taxas que constituem um empréstimo à habitação?

Antes da contração de um empréstimo — especialmente se for para aquisição de habitação, uma vez que este será provavelmente o maior compromisso financeiro que alguma vez assumirás na vida—, devem realizar-se várias simulações em diferentes instituições financeiras, para posteriormente se estabelecer um termo de comparação.

O objetivo dessa comparação será escolher a melhor solução, isto é, a que mais se adequa às tuas necessidades. Mas para esta deliberação é necessário analisar os elementos das propostas, a começar pelas taxas de juro, que têm um peso considerável na decisão final.

Num crédito à habitação existem duas taxas, para além do spread, que aparecem sempre nas simulações que os bancos fornecem na chamada FIN (Ficha de Informação Normalizada): a TAN e a TAEG.

Em primeiro lugar, a TAN (Taxa Anual Nominal) — que em termos numéricos possui um valor mais reduzido do que a TAEG — é uma taxa anual que se aplica a todo tipo de operações (créditos e aplicações financeiras) que envolvam o pagamento de juros.

A TAN, embora expresse os juros de um empréstimo, não inclui os outros encargos associados, nomeadamente impostos e eventuais seguros.

Por sua vez, o spread, atualmente sempre em evidência, é a margem de lucro do banco, definida contrato a contrato, sendo uma percentagem cobrada pela instituição.

Finalmente, vejamos, de que se trata a Taxa Anual Efetiva Global e porque é que deverias estar mais atento a esta.

Em que consiste a Taxa Anual Efetiva Global?

A TAEG (Taxa Anual Efetiva Global) representa o custo total anual de um empréstimo, variando em função do montante do mesmo e contém em si todos os encargos inerentes ao crédito:

  • Comissões bancárias (de avaliação do imóvel, de abertura do processo, de processamento mensal e afins);

  • Prémios dos seguros exigidos (de vida e do imóvel);

  • Despesas com impostos e registos;

  • Outras despesas que possam estar associadas.

Dois empréstimos com a mesma TAN podem, no entanto, apresentar diferentes TAEG

Contrapondo, a TAN e a Taxa Anual Efetiva Global, é de salientar que dois empréstimos com a mesma TAN podem, todavia, possuir TAEG diferentes - basta que um deles possua o valor de um dos seguros mais elevado ou que uma das comissões seja mais cara.

Porquê olhar para além do spread?

Por abranger todos os elementos assinalados acima, que são obrigatórios no crédito à habitação, a Taxa Anual Efetiva Global torna-se na melhor variável para aferir o custo de um empréstimo, uma vez que engloba, na sua essência, os custos processuais, a bonificação no spread (quando aplicável) e o próprio spread.

É possível, então, concluir que a melhor solução de crédito à habitação a escolher será a com menor spread e também menor TAEG.

No entanto, é importante que as simulações que estão a ser comparadas sejam realizadas aproximadamente na mesma altura, dado que a EURIBOR sofre alterações constantes e as próprias condições dos bancos podem ser revistas de tempos a tempos.

Para teres acesso às condições de crédito habitação de todos os bancos no mercado português, podes comparar na nossa plataforma:

Na realidade, a guerra dos spreads pode nem ser a maior beneficiadora dos consumidores a partir do momento que estes não olham para além deste “indicador”. As taxas de juro e nomeadamente a Taxa Anual Efetiva Global, contêm em si o custo real do crédito, ou seja, quanto é que o consumidor paga por estar a pedir emprestado.

Um pedido de crédito à habitação acopla toda uma panóplia de comissões e de seguros associados que vão encarecer o Montante Total Imputado ao Consumidor. E esses custos só são transmitidos pela Taxa Anual Efetiva Global e não pelo spread.


Bruno Garcia
Bruno Garcia
Especialista Crédito Habitação