Gás natural: mercado livre ou regulado?

Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Com o aumento do preço do gás natural, o Governo abriu portas ao mercado regulado. Descobre as diferenças entre mercado livre e regulado e vê se compensa.

O preço do gás natural tem ficado mais caro em toda a Europa e Portugal não é exceção. Perante este cenário, o Governo decidiu abrir o acesso ao mercado regulado, até então fechado por Lei, com o objetivo de aliviar a carteira dos consumidores. Mas será que esta mudança compensa? Afinal, qual vale mais a pena para o gás: mercado livre ou regulado?

Mercado livre e regulado: o que são e como funcionam?

O mercado livre e o mercado regulado diferem entre si quanto à entidade que define os preços finais que são praticados. As comercializadoras do mercado livre podem praticar os preços que desejarem, regendo-se pelas regras da concorrência. Cada empresa tenta obter as melhores condições e a melhor qualidade de serviço para angariar mais clientes.

Por outro lado, as comercializadoras do mercado regulado não têm autonomia para decidir os preços que praticam, e encontram-se sujeitas aos valores definidos pelo Governo, através da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). Esta entidade define e revê trimestralmente as tarifas.

O mercado regulado do gás natural tem estado fechado pelo Governo e, até agora, apenas os consumidores que beneficiassem da tarifa social ou cujo fornecedor de gás natural tivesse cessado o serviço eram elegíveis. Com o anúncio dos aumentos do preço do gás natural, o Governo decidiu alargar o acesso ao mercado regulado a todos os clientes do mercado livre. Para isso, basta que tenham consumos anuais de gás natural inferiores a 10 mil metros cúbicos, incluindo famílias e pequenos negócios.

O processo de transição é simples: deves contactar diretamente o Comercializador de Último Recurso (CUR) da tua zona geográfica (que poderás consultar no site da ERSE), que tratará da mudança. A transição não tem qualquer custo para o consumidor, não obriga a nova inspeção, e não requer a interrupção do fornecimento de gás natural.

Sabe mais:

Mercado livre e regulado: como decidir?

Vale a pena mudar para o mercado regulado? Aqui estão alguns critérios a teres em conta na hora de decidir.

Preço do gás natural

A maior parte dos clientes que mudarem para o mercado regulado hoje, vão pagar efetivamente menos. No entanto, esta opção não garante a manutenção dessas mesmas tarifas , podendo ser alteradas a cada 3 meses durante um ano. Isto significa que, neste momento, o mercado regulado é a melhor opção para a maioria das pessoas, mas isto pode não ser verdade daqui a alguns meses.

Estabilidade no preço do gás natural

Com a instabilidade do mercado energético, e sendo que o mercado regulado prevê uma atualização de preços de 3 em 3 meses, a opção com maior estabilidade passa por escolher uma comercializadora do mercado livre que garanta valores baixos durante 12 meses. Desta forma, apesar de toda a incerteza, é a solução que te oferece maior conforto, sabendo que não vais sofrer aumentos por parte da comercializadora.

É ainda importante não te esqueceres que o mercado regulado de gás natural será extinto a nível europeu em 2025, pelo que é apenas possível ficar com tarifas do mercado regulado até essa data.

Fidelização

Uma das grandes vantagens do mercado livre é o facto de se reger pela lei da concorrência, o que faz com que as comercializadoras procurem permanentemente oferecer condições mais vantajosas.

No mercado livre, não existe fidelização e os clientes têm toda a liberdade para mudar, sem qualquer custo. O mesmo acontece com o mercado regulado (não existe fidelização).

Não percas:

Consumo

Para saber se compensa voltares ao mercado regulado, é importante que conheças o teu consumo real de gás natural. Consulta a tua fatura de energia, procura o preço por kWh de energia e o valor do termo fixo.

Com estes dados em mente, comparar várias tarifas de energia é essencial para fazer uma escolha informada e acertada.

Veredito: mudar ou não mudar?

Não há uma resposta universal para todos os consumidores. O que determina a melhor opção entre o mercado livre e o regulado são os tarifários negociados com cada comercializador e os eventuais descontos a que tenhas acesso.

Contudo, se os preços se mantiverem, a melhor opção poderá ser separar o serviço de gás natural da eletricidade; ou seja, ter o gás natural no mercado regulado e a eletricidade no mercado livre. Para manter os dois serviços na mesma comercializadora, terás de optar pelo mercado livre. Não deixes de simular e comparar, para conseguir poupar.


Susana Pedro
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