Já precisou de solicitar um financiamento para uma despesa extra ou imprevista (avariou o motor do carro ou foi necessária uma cirurgia urgente, por exemplo), mas nunca compreendeu bem qual seria a opção que deveria escolher? Tanto recorrer ao cartão de crédito como pedir um empréstimo são soluções válidas para este tipo de situações, mas existem algumas diferenças entre uma e outra. Aprenda a distinguir e fique a saber qual o melhor para si.
O cartão de crédito e o crédito pessoal são ferramentas de finanças pessoais que tem ao dispor para os mais variados fins. Ambos disponibilizam uma linha de crédito que permite obter dinheiro de forma rápida e pagá-lo posteriormente em prestações.
Embora semelhantes, estes produtos financeiros têm algumas diferenças que deve conhecer para escolher de forma consciente um ou outro.
O Tiago e a Ana precisam de um financiamento
Para exemplificar as vantagens e desvantagens de cada solução, olhemos ao caso do Tiago e da Ana, um casal de 35 anos que possui um rendimento conjunto de 2 mil euros. Pagam uma prestação de 300 euros do crédito automóvel que tiveram de pedir para comprarem um carro com mais de dois lugares, uma vez que aguardam a chegada do seu primeiro filho, André.
Numa altura de maiores gastos para o casal o inesperado aconteceu: o frigorífico estragou-se e não tem reparação. Uma vez que um de igual dimensão seria pequeno para os três, o casal decidiu que teria de comprar um maior: um frigorífico de estilo americano cujo preço médio se situa nos 1.500 euros.
Após compararem os diversos produtos existentes no mercado, a Ana e o Tiago chegaram à conclusão de que, para terem o frigorífico ideal, teriam de o pagar a prestações. Como tal, a necessidade de pedir um empréstimo era mais do que óbvia, pelo que se questionaram: devem mesmo pedir um empréstimo ou optar por usar o seu cartão de crédito? Vejamos quanto custa cada uma destas opções.
Compensa pedir um empréstimo?
O casal comparou as ofertas do mercado para perceber se lhes compensaria pedir um empréstimo. Para um crédito pessoal sem finalidade no valor de 1.500 euros, com um prazo de reembolso de 24 meses, as soluções que lhes foram apresentadas foram as seguintes:
Instituição | TAN | TAEG | Prestação mensal | MTIC |
---|---|---|---|---|
ActivoBank | 6% | 7,9% | 67,59€ | 1.622,14€ |
Millennium bcp | 7,9% | 10% | 68,91€ | 1.653,76€ |
Crédito Agrícola | 5,75% | 10,5% | 69,24€ | 1.661,68€ |
BPI | 9,65% | 12,1% | 70,27€ | 1.686,55€ |
Cofidis | 9,95% | 12,5% | 70,47€ | 1.691,31€ |
Cetelem | 10,2% | 12,6% | 70,58€ | 1.693,90€ |
Puzzle | 11,36% | 14% | 71,43€ | 1.714,36€ |
Deutsche Bank | 10% | 18% | 73,90€ | 1.773,65€ |
Com uma prestação mensal de aproximadamente 70 euros, a Ana e o Tiago ficariam com um total de despesas com créditos de 370 euros (correspondente ao valor da prestação do automóvel mais o montante do frigorífico).
Desta forma, e assumindo que não possuem um crédito à habitação, a sua taxa de esforço seria inferior a 20%, encontrando-se nos valores recomendados (a taxa de esforço não deverá ser superior a 33% dos rendimentos do agregado familiar).
Outro aspeto que o Tiago e a Ana devem considerar passa pela análise, para além das taxas de juro, do Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC). Este engloba todas as comissões e juros que o casal terá de pagar ao longo do empréstimo, demonstrando qual será efetivamente o custo total do crédito.
Ou será mais vantajoso usar o cartão de crédito?
O pagamento em prestações nos cartões de crédito é possível, mas acarreta o pagamento de juros. Se não quisesse pagar juros, o casal teria de liquidar a dívida num período que varia entre 20 a 50 dias.
Uma vez que esta solução não seria viável, pois o pagamento teria de ser realizado na totalidade e num curto espaço de tempo, o casal decidiu comparar outras soluções existentes no mercado para poderem escolher a mais vantajosa para o seu perfil. As suas preferências recaíram nos produtos que permitem isenção no pagamento de anuidade.
Produto | TAN | TAEG | MTIC |
---|---|---|---|
Santander Light | 10,2% | 13,3% | 1.693,58€ |
Depois Classic BBVA | 14,3% | 15,4% | 1.722,72€ |
Montepio Classic | 10% | 15% | 1.723,33€ |
ActivoBank Classic | 14,9% | 15% | 1.723,33€ |
WiZink Rewards | 16% | 16,1% | 1.730,97€ |
Cartão de crédito Cofidis | 16,1% | 16,1% | 1.730,97€ |
BPI Zoom | 13,2% | 16,1% | 1.730,97€ |
Bankinter Classic BK | 13,2% | 16,1% | 1.730,97€ |
Após uma análise ao montante total que iriam pagar de crédito, a Ana e o Tiago facilmente perceberam que, para o valor que necessitavam, faria mais sentido pedir um empréstimo.
Uma vez que as taxas de juro são superiores nos cartões de crédito, o montante total a pagar pelo casal será superior nesta opção. Existem apenas duas soluções de crédito pessoal que têm um custo total mais elevado do que a oferta de menor custo nos cartões de crédito.
Mas, então, como saber qual escolher?
Quando usar o cartão de crédito?
Os cartões de crédito são ótimos para compras regulares, geralmente mais pequenas, possibilitando o pagamento do valor em dívida dentro dos prazos sem juros. Deve optar pelo cartão de crédito para pagar produtos que não excedam o valor do seu rendimento e que não sejam superiores às suas despesas mensais.
Se pagar a dívida do cartão antes do prazo estipulado, evita pagar taxas de juro. Além de adiar o pagamento de juros das compras que fez, também obtém algumas vantagens, sejam a acumulação de milhas aéreas ou a possibilidade de ter cashback, apenas por utilizar o cartão de crédito.
Outra boa característica dos cartões de crédito é que pode pagar algumas compras em prestações, o que ajuda bastante na gestão das finanças pessoais de cada família. No entanto, atente que existem taxas de juro associadas, pelo que o valor total a pagar tenderá a ser superior.
Em Portugal, cada vez mais pessoas fazem compras online. Esta é uma razão pela qual muitas pessoas decidem ter um cartão de crédito, pois facilita a vida dos consumidores ao permitir comprar e completar as transações online. Assim é muito mais conveniente do que pagar em dinheiro ou no ato da entrega.
Quando pedir um empréstimo?
Por outro lado, o crédito pessoal ganha esta corrida quando falamos de compras de valor mais avultado, geralmente quando se trata de algo que demore meses ou até anos a pagar de volta. Um financiamento deste tipo poderá ser utilizado para diversos fins, desde emergências médicas à compra de um automóvel ou para realizar aquelas férias que sempre desejou.
Hoje em dia já é possível pedir um empréstimo e ter o dinheiro na hora. O chamado crédito rápido permite que o cliente tenha o valor pedido na sua conta bancária dentro de apenas dois dias úteis. Para além disso, as taxas de juro são inferiores comparativamente às do cartão de crédito.
Sabia que…
Atualmente o mínimo oferecido por algumas instituições financeiras para um crédito pessoal são 300 euros.
Outra vantagem de pedir um empréstimo quando comparado com a utilização dos cartões de crédito prende-se com o facto de ser mais fácil planear as suas finanças, uma vez que os pagamentos são previamente programados. Uma vez que pode pagar o crédito pessoal em períodos de tempo mais alargados, pode escolher contrair um grande montante e dividi-lo em pequenos pagamentos.
Tanto pedir um empréstimo como utilizar o cartão de crédito têm as suas vantagens e desvantagens, sendo que tudo depende do fim para o qual necessita do financiamento.
Em resumo, se pretende realizar compras de menor valor, utilize o seu cartão de crédito. Caso pretenda adquirir algum bem ou serviço com um montante mais avultado, o ideal será optar por pedir um empréstimo.